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TAP: Hugo Mendes alterou depoimento à Inspeção Geral de Finanças depois de Pedro Nuno Santos encontrar mensagem 

Versão incial do ex-secretário e Estado e da chefe de gabinete do ministro dizia que tinha sido dado conhecimento de forma verbal ao ministro de que havia acordo e sem comunicação do montante da indemnização. Quanto à comunicação às Finanças, Ministério e TAP tinham entendimentos diferentes sobre relação da transportadora com tutelas

TIAGO PETINGA

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes alterou o testemunho à Inspeção Geral de Finanças - que está a fazer um relatório sobre a indemnização paga pela TAP a Alexandra Reis - depois de o ex-ministro Pedro Nuno Santos ter encontrado a troca de mensagens que prova ter tido conhecimento do montante da indemnização. Hugo Mendes foi ouvido na passada quarta-feira, dia 18, no mesmo dia em que a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi ouvida no Parlamento.

Ao que o Expresso sabe, Hugo Mendes estava alinhado com a versão dos acontecimentos até aqui contada pelo ex-ministro Pedro Nuno Santos: o ministro teria sido informado a dada altura sobre a negociação para a saída de Alexandra Reis do Conselho de Administração, mas apenas saberia que tinha havido acordo e que a compensação remuneratória era bastante menor do que estava inicialmente em cima da mesa e, nesse sentido, “protegia” a empresa, por um lado, e tratava com “justiça” a administradora, por outro.

As conversas entre a CEO da TAP e a tutela sobre a saída de Alexandra Reis tinham começado antes das eleições de 30 de janeiro; havia um problema na comissão executiva, Alexandra Reis e Christine Ourmières-Widener estavam incompatibilizadas e o pedido para iniciar negociações para a saída da administradora foi apresentado ao próprio ministro. A partir daí, a preocupação no Ministério era “resolver a questão disfuncional” que existia na administração da transportadora aérea. As negociações começaram, então, antes das eleições e terminaram depois, na semana seguinte à vitória eleitoral do PS.

Na versão que vigorou até à sexta-feira passada, Pedro Nuno Santos sabia que tinha havido acordo entre a TAP e Alexandra Reis, mas não saberia do valor da indemnização (500 mil euros) e, além do mais, não havia como provar se sabia ou não sabia porque, tanto quanto os protagonistas se conseguiam lembrar daquela semana do início de fevereiro, a conversa teria sido verbal, possivelmente de corredor, e teria sido o bastante para Hugo Mendes se sentir respaldado para, em nome do Ministério das Finanças, dar o aval à CEO da TAP para fechar o acordo feito pelos advogados.