A explicação foi sendo dada em vários momentos da conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado (OE) para 2023. O que fazer se a perturbação externa for maior do que o Governo está a estimar? O que fazer se a taxa de inflação for mais alta do que os 4% com que o Governo está a trabalhar? Poderá haver orçamentos retificativos se tudo se agravar ao longo do próximo ano? As dúvidas eram muitas, perante um Orçamento do Estado que prevê um crescimento de 1,3% do PIB em 2023 (face aos 6,5% de 2022), um défice de 1,3% este ano e de 0,9% em 2023, uma taxa de inflação estimada de 4% em 2023 e ainda uma redução da dívida que é “a maior desde que há registo” - isto num mundo em crise, com a guerra na Ucrânia e a consequente crise energética, subida de preços e aumento das taxas de juros.
Fernando Medina explicou o mesmo de várias formas ao longo de mais de 2h30 de conferência de imprensa: não se trata de “optimismo”, mas sim de agir sem “estados de alma” e com a “máxima informação disponível”, partindo de um ponto em que Portugal tem hoje mais “capacidade para resistir a contextos adversos”. Para isso, há dois trunfos na manga: um, a localização periférica de Portugal que o torna menos permeável à crise; dois, o famoso acordo de rendimentos que o Governo assinou com patrões e UGT este domingo e que dá a Portugal um selo de “estabilidade” para os próximos quatro anos. “À instabilidade que vem do exterior, nós respondemos com estabilidade no interior”, congratulou-se o ministro das Finanças.