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Política

Com Costa a ouvir, Moedas pede “vontade de mudança” e “ambição ao país”

Estreia de Moedas no 5 de Outubro, o primeiro em que a Câmara de Lisboa não tem a mesma cor de um Governo de António Costa. Autarca sugeriu “audácia para libertar as famílias, as empresas e a sociedade civil”

TIAGO MIRANDA

Mesmo sem ouvir, quem apenas lesse o discurso de Carlos Moedas, reconheceria o atual presidente da Câmara de Lisboa em várias referências habituais: a importância da política supra-partidos, o confronto político “saudável”, “sem presunções de superioridade moral”, um confronto que “sempre recusou radicalismos”. E ainda, claro, as referências às pessoas. “Fazer política para as pessoas, com as pessoas, ouvindo as pessoas, e não fazer uma política de impor às pessoas aquilo que os políticos acham que deve ser a sua vida.”

Foi, ainda assim, um discurso mais para o país do que para a cidade. É certo que Moedas se referiu à “grande varanda” que tinha atrás, a dos Paços do Concelho, onde foi proclamada a República há 112 anos, e à cidade de Lisboa, que “foi nesse dia protagonista de mais uma grande mudança na vida nacional”. Mas a mensagem foi sobretudo centrada na “audácia” de fazer diferente, a sugerir “ambição ao país” e a apelar à vontade de mudança “contra o desânimo e a descrença”. Era a primeira vez que um político da oposição discursava no 5 de Outubro perante o Governo PS liderado por António Costa. E, em alguns momentos, as palavras de Moedas soaram quase como as de líder dessa oposição.

No púlpito ouviam-no o primeiro-ministro, sentado ao lado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e de Rosário Farmhouse, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. À frente, perfilavam-se cerca de 200 convidados, vários ministros do atual Governo, nenhum deles Fernando Medina, o antecessor de Moedas na presidência da autarquia. A cerimónia do 5 de Outubro de 2022 foi por isso de estreias, mas também de regressos, depois de dois anos em que se cumpriu em pouco tempo e com as distâncias de segurança a que a pandemia obrigou.