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Política

Bloco de Esquerda com casa cheia no segundo dia da rentrée, para falar das criptomoedas à guerra na Ucrânia

Evento do Bloco regressou ao formato pré-pandemia: rentrée “não é só espaço militante”, mas “momento de abertura e convite a outras sensibilidades”. Cerca de 400 pessoas assistiram aos debates que juntaram velhos conhecidos e militantes que aderiram após a derrota nas eleições, porque “o partido precisava”

Mariana Mortágua, com Pedro Filipe Soares, debateu sobre criptomoedas numa das sessões mais concorridas da rentrée do Bloco de Esquerda
Rui Oliveira

Mariana Mortágua rasga dois pedaços de papel e estabelece um paralelo entre o valor do que acaba de criar (a que chama “Marianis”) e as criptomoedas: valor zero. A sala está lotada, há militantes a assistir de cócoras, e nem é preciso entrar para sentir o calor que vai lá dentro. A palestra que a deputada partilha com o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares, chama-se “Blockchain e Criptomoedas: o futuro é uma fraude?”, e a resposta está subentendida pelas intervenções de ambos, que saltam do registo humorístico para um alerta sobre as “falsas promessas” de enriquecimento e de democratização da finança. No final, hão de ficar uns minutos a responder a mais perguntas de novos e velhos aderentes do Bloco de Esquerda.

Foi assim todo o segundo dia da rentrée do partido. E foi como não era há dois anos, por causa da pandemia. Um único encontro a nível nacional, com uma série de debates sobre temas que estão para lá da agenda diária da política portuguesa. Alguns sobrepostos (cinco a seis debates por cada bloco horário) e, por isso, como num festival, a obrigar a fazer escolhas. Ou a “saltar de salinha em salinha”, como a militante Paula Serralha, que o Expresso encontra pelos corredores. “O Bloco está a fortalecer-se internamente e para isso estes reencontros são fundamentais”, diz.

Pela escola secundária de Coimbra em que decorre o Fórum Socialismo 2022 passam quase todas as principais figuras do partido, ora a intervir, ora a assistir às palestras. Os cinco deputados no Parlamento, ex-deputados que saíram após as legislativas, eurodeputados, históricos e até um dos fundadores (Luís Fazenda, com Francisco Louçã e Fernando Rosas ausentes). A intervenção mais marcadamente político-partidária, e porventura a mais aguardada, fica para amanhã, pela voz de Catarina Martins.