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Política

Bloco de Esquerda abre rentrée a falar de crises e do Governo que “promete uma vida mais difícil”

Partido começa o ano político em Coimbra, com dois naturais da cidade dos estudantes. José Manuel Pureza primeiro, e Marisa Matias por último, falaram sobretudo de Europa e de crises, com um aviso para dentro: Governo “trava salários” e assim “promete uma vida mais difícil” aos portugueses

Rui Oliveira

A liberdade, a Europa, as crises e a revolução, “que se tornou obrigatória”, nas palavras de Marisa Matias, marcaram o arranque da rentrée do Bloco de Esquerda, passado num ambiente sereno, interrompido apenas por um ou outro momento de maior ovação. Para a própria Marisa Matias, a última a falar, ou para o primeiro interveniente, o ex-deputado José Manuel Pureza. Ambos de Coimbra, a cidade onde os bloquistas ‘acampam’ este fim de semana para o lançamento do ano político.

Depois de seis meses de adaptação ao novo papel no Parlamento, o partido voltou ao formato habitual do Fórum Socialismo, alterado durante os anos de pandemia, para falar sobretudo de crises: ainda a pandémica, a económica, a política e, “à cabeça” de todas elas, a crise climática. A sessão era sobre “A Europa dos Povos” e, por isso, as intervenções estiveram mais nas fronteiras europeias do que nas portuguesas. Mas Marisa Matias, com Catarina Martins a observar da primeira fila, não deixou de notar um dos cavalos de batalha do Bloco na oposição que agora promete mais veemente ao PS. “Lembram-se de quando o Governo garantia que a inflação seria passageira? Hoje já todos sabemos que não é.” E assim, prosseguiu, “num país em que tudo aumenta e só os salários vão ficando estagnados”, “o Governo promete uma vida mais difícil” aos portugueses.

Refletindo sobre a Europa e sobre a inflação, Marisa Matias fez um desvio para Angola quando falava das “forças nacionalistas e antidemocráticas”, para saudar uma mudança no país, que independentemente dos resultados ainda por apurar, já está a acontecer. O regime cleptocrático do MPLA perdeu milhares de votos”, frisou, garantindo solidariedade com “todos os jovens que se levantaram nas ruas e nas urnas” e lembrando o caso dos 17 ativistas, entre eles Luaty Beirão, acusados de prepararem uma rebelião com base na leitura de um livro, em 2016.