"O desfecho inevitável", escreveu o líder parlamentar do Bloco de Esquerda na rede social Twitter. "Desfecho natural", disse João Dias Coelho, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, questionado sobre a renúncia de Sérgio Figueiredo ao lugar de consultor do ministro das Finanças, à margem de um conferência de imprensa sobre direito à habitação.
Os partidos à esquerda do PS, antigos parceiros do Governo, reagiram assim ao desenvolvimento do caso da contratação do ex-diretor da TVI para consultor que, desde que foi conhecido, motivou críticas dos partidos e de associações cívicas.
Este desfecho, acredita Pedro Filipe Soares, "mostra como é possível travar os caprichos da maioria absoluta com a mobilização da opinião pública". Mas, ressalva o dirigente bloquista, "não absolve Medina de um processo reprovável, nem António Costa de uma desresponsabilização inaceitável".
O PCP. porventura o partido mais contido na polémica dos últimos dias, considera que “trata-se de um desfecho natural face a uma decisão baseada em critérios discutíveis, pela forma e pelo conteúdo”. Questionado sobre o caso, João Dias Coelho começou por dizer: "Ele lá sabe."
Já o Chega não dá o assunto por encerrado e quer mais explicações. Em comunicado, a direção nacional do partido refere que "recebeu sem surpresa a notícia da renúncia de Sérgio Figueiredo como consultor do Ministério das Finanças", apontando que "a pressão pública e o sentimento de imoralidade do seu vencimento, perante os restantes funcionários públicos, mesmo do Ministério das Finanças, assim o ditavam".
"Há, no entanto, explicações que continuam por dar", defende o Chega, reiterando "o pedido que fez à Inspeção-Geral das Finanças para uma investigação aos pagamentos efetuados entre Medina e Figueiredo e se em algum momento houve alguma espécie de troca de favores".
O partido de extrema-direita considera ainda que a "vida pública, especialmente a vida política tem de pautar-se por critérios de transparência e legalidade, critérios que, neste caso, apareciam, no mínimo, distorcidos".
A Iniciativa Liberal, por seu lado, considera que a “desistência de Sérgio Figueiredo” de um cargo no Ministério das Finanças “não apaga” a demonstração de que o “PS se confunde com o Estado” e “usa e abusa do dinheiro dos contribuintes”.
“A desistência de Sérgio Figueiredo não apaga a tentativa e desejo de Fernando Medina em devolver a contratação passada. Não apaga a forma despudorada como o PS usa e abusa do dinheiro dos contribuintes. Não apaga a forma como o PS recorre aos ajustes diretos para contornar o escrutínio”, lê-se numa nota da Iniciativa Liberal.
O partido considera ainda que a renúncia de Sérgio Figueiredo “não apaga a forma como o PS desconsidera os serviços da administração pública”, nem “apaga que o primeiro-ministro tenha afirmado que o assunto estava morto e enterrado”.
“E não apaga mais um episódio demonstrativo em como o PS se confunde com o Estado, achando que o Estado é um meio para os seus fins de poder absoluto”, prossegue o texto
Sérgio Figueiredo renunciou ao cargo de consultor do ministro das Finanças, Fernando Medina, decisão que comunicou através de um texto publicado no Jornal de Negócios.