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Costa fica com gestão política do aeroporto e dá tempo a Montenegro para negociar

Precipitação de Pedro Nuno Santos abre crise no Governo. O ministro fica, mas diminuído. Alcochete volta a ser apenas uma hipótese

Em julho, Pedro Nuno Santos assumiu as responsabilidades por “falhas” na gestão política do dossier da localização do aeroporto

Mais do que o futuro do ministro no Governo, naquela reunião de quarenta minutos esta quinta-feira à tarde em São Bento jogou-se o futuro do PS e do Governo. António Costa não demitiu o ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o ministro não se demitiu, definindo assim o que será a relação de ambos daqui para a frente: Costa obrigou Pedro Nuno a recuar em toda a linha para não deixar cair a face e a promessa de consenso com o PSD e terá mais poder sobre o seu governante mais rebelde e mais ambicioso; e Pedro Nuno Santos aceitou-as ao assumir “toda a responsabilidade” pela “falha infeliz” e pela falha de “articulação política”. “Obviamente” fica no Governo, respondeu o ministro aos jornalistas. As condições em que tal acontece serão agora outras e mais exigentes para as suas ambições.

Uma dessas condições passa por ter de negociar com o PSD a solução para o novo aeroporto de Lisboa, desdizendo o que tinha decidido e anunciado na quarta-feira – Montijo como solução temporária e Alcochete como solução definitiva – , e deixando cair as críticas que fez ao líder eleito do PSD de que este se tinha “posto de fora” da solução. Costa aceita esperar pelos tempos de Luís Montenegro, se este quiser negociar uma solução, sabe o Expresso. Até porque sabe que Montenegro vai ter de começar o mandato marcando diferenças para o Governo. “É preciso deixar todos respirarem”, diz ao Expresso fonte próxima do primeiro-ministro, que fez questão de salientar na tarde de quinta-feira que a normalidade do Governo foi restabelecida.