O presidente do Chega, André Ventura, anunciou esta sexta-feira ter enviado uma carta a Luís Montenegro e a Jorge Moreira da Silva, candidatos à liderança do PSD, e ao presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, para juntos encontrarem “uma verdadeira alternativa à governação socialista”. Na sequência das eleições legislativas de janeiro, de que saiu a maioria absoluta do PS, André Ventura considera que “a direita falhou como um todo ao não se conseguir afirmar como alternativa”.
“O espectro político da direita encontra-se em profunda reconfiguração, mais fragmentado e, para benefício e contentamento do PS, de costas voltadas, sem diálogo”, lê-se na missiva distribuída à imprensa. Esta não é a primeira vez que Ventura tenta encontrar uma plataforma de entendimento de direita, referindo isso na carta: “Já tentei, no ano passado, juntar os partidos do espaço político da direita para uma Conferência de Governo da República”, iniciativa que “infelizmente”, escreve, não teve acolhimento. “Vemos agora em que é que resultou essa ausência de diálogo - uma maioria absoluta socialista”, acrescenta.
Ventura afirma-se convicto de que “se a direita não for capaz de se organizar, entender e se afirmar como alternativa, a ‘mexicanização’ do regime é inevitável, com a possibilidade de o PS se perpetuar no poder durante muitos anos”. Nesse sentido, defende, é chegado “o momento” de os líderes dos três partidos se sentarem “de vez à mesa das negociações” para que, “respeitando as diferenças” entre eles, possam “trilhar um caminho comum”.
Para o presidente do Chega, as conversações deverão iniciar-se logo após as eleições internas do PSD, agendadas para 28 de maio. Em conferência de imprensa nos Passos Perdidos da Assembleia da República, Ventura viria a assegurar que, apesar de ter enviado a carta três semanas antes de se conhecer o próximo líder social-democrata, não pretendeu com isso interferir na dinâmica interna do PSD.
Afirmando não desejar “de todo” condicionar o debate interno do PSD, sempre foi dizendo que, no caso de Montenegro vencer as eleições, lhe parece mais fácil chegar a “uma lógica de convergência”. Se Moreira da Silva sair vencedor, será “um caminho mais difícil e mais obtuso, mas que merece que o tentemos na mesma”, acrescentou. E disse ainda estar “80% convencido de que Luís Montenegro vai vencer”, garantindo que “esta conferência vai realizar-se esteja o PSD presente ou não”.
A proposta, detalhou, é realizar uma conferência no final da sessão legislativa durante os próximos quatro anos, sendo esta organizada pelos três partidos e estando “aberta à participação de outros atores políticos não representados no Parlamento”. Ventura apontou, de caminho, a necessidade de se reconhecerem “os erros que Rui Rio cometeu ao não aceitar a proposta do Chega no momento em que ela deveria ter sido aceite”. Por fim, indicou os “cinco pontos de convergência mínima para um governo à direita com o Chega, o PSD e a IL”: política económica para o crescimento, política económica e fiscal de produtividade, reforma do sistema político, reforma da justiça e participação portuguesa na União Europeia e nas instituições internacionais.