Era o único partido que ainda não tinha indicado líder parlamentar, nem candidato a uma das vice-presidências do Parlamento. Agora estão desfeitas as dúvidas no PSD: Paulo Mota Pinto, presidente do Conselho Nacional do PSD, vai ser candidato à liderança do novo Grupo Parlamentar social-democrata, e o atual presidente da bancada, Adão Silva, vai ser candidato a vice-presidente do Parlamento. São estes os nomes que a direção de Rio vai indicar na primeira reunião da bancada parlamentar marcada para esta terça-feira ao final do dia.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Mota Pinto, que foi cabeça de lista social-democrata pelo círculo eleitoral de Leiria nas últimas eleições legislativas, confirmou a disponibilidade para se candidatar a presidente do Grupo Parlamentar do PSD. “Após análise da situação política nacional, e conversa com o presidente do PSD, Rui Rio, chegámos à conclusão de que deveria ser candidato a líder parlamentar, prestando esse serviço ao partido”, afirmou o presidente do Conselho Nacional do PSD, professor universitário e antigo juiz do Tribunal Constitucional entre 1998 e 2007.
Entre outros cargos políticos, Paulo Mota Pinto foi vice-presidente do PSD sob a liderança de Manuela Ferreira Leite e deputado entre 2009 e 2015, tendo sido presidente da comissão de Orçamento e Finanças. As eleições para a escolha do sucessor de Adão Silva na liderança da bancada dos sociais-democratas deverão realizar-se na próxima semana, uma vez que têm de ser convocadas com pelo menos uma semana de antecedência.
A escolha de Mota Pinto está a ser vista no partido como uma escolha de Rio (que está "em plenas funções", vão repetindo membros da sua direção) e que não será do agrado de Luís Montenegro, o presumível sucessor de Rio na liderança do PSD. "Escolheu o nome que achou que era o melhor dentro do grupo parlamentar que tinha. Depois, qualquer que seja o líder, pode chegar e mudar a direção da bancada, foi o que Rui Rio fez quando chegou", diz um membro da atual direção, desvalorizando a provocação.
André Coelho Lima era outro nome falado para a liderança parlamentar, mas há quem entenda que estava "demasiado envolvido" no combate político da atual direção e a sua indicação seria vista como uma provocação maior. Paulo Mota Pinto, por sua vez, goza do estatuto de presidente do Congresso, embora toda a condução dos trabalhos que fez nos últimos Congressos e Conselhos Nacionais foi sempre vista como muito sectária, a favor da direção e contra os grupos da oposição interna.
O médico Ricardo Batista Leite também era frequentemente apontado como uma possibilidade, numa lógica de consensos, uma vez que foi sendo promovido por Rui Rio na última legislatura e era uma figura considerada neutral por não se envolver ativamente em nenhuma fação dos combates internos. "Se o escolhessemos seria sinal de que apoiávamos o Montenegro", comenta uma fonte, sugerindo que Batista Leite facilmente apoiará o candidato Luís Montenegro e dessa forma seria visto como um sinal de que a atual direção já dá como certo que Luís Montenegro vai ser o próximo líder do partido.
Daí que a escolha tivesse de ser feita numa lógica unilateral, e sem olhar a concertações com a eventual futura liderança. Na memória de todos está o ano de 2018, quando Rui Rio assumiu a liderança do partido e, sem ter lugar no Parlamento, afastou da liderança da bancada Hugo Soares (que tinha substituído Luís Montenegro) e escolheu Fernando Negrão, ganhando ali algum apoio numa bancada que lhe era hostil.
Coisa diferente é o cargo de vice-presidente da Assembleia da República, onde Rui Rio quis garantir o lugar a um dos seus e do qual, uma vez eleito, não pode sair. A eleição decorre esta semana, sendo por voto secreto, em urna, e, se colher o voto da maioria dos deputados, Adão Silva ocupa o cargo durante toda a legislatura - que tem a duração presumível de quatro anos. Para muitos, segundo apurou o Expresso, a escolha foi uma forma de assegurar este lugar de destaque a um deputado que, de outra forma, seria relegado para a quinta fila do Parlamento assim que o novo líder (Luís Montenegro, no caso) tomasse posse. Adão Silva foi líder parlamentar durante a última legislatura e é um dos deputados mais antigos da bancada do PSD.