Política

Rio escolhe Mota Pinto para líder parlamentar e Adão Silva para vice do Parlamento

Rio deixa de ser líder do PSD em maio mas, antes disso, escolhe dois nomes da sua direcção para importantes cargos no Parlamento. Escolha de líder parlamentar não foi concertada com presumível futuro líder do partido. Primeira reunião do grupo parlamentar marcada para terça-feira ao fim do dia.

Paulo Mota Pinto será o próximo líder parlamentar do PSD. Eleição é na quinta-feira
JOAO PEDRO DOMINGOS

Era o único partido que ainda não tinha indicado líder parlamentar, nem candidato a uma das vice-presidências do Parlamento. Agora estão desfeitas as dúvidas no PSD: Paulo Mota Pinto, presidente do Conselho Nacional do PSD, vai ser candidato à liderança do novo Grupo Parlamentar social-democrata, e o atual presidente da bancada, Adão Silva, vai ser candidato a vice-presidente do Parlamento. São estes os nomes que a direção de Rio vai indicar na primeira reunião da bancada parlamentar marcada para esta terça-feira ao final do dia.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Mota Pinto, que foi cabeça de lista social-democrata pelo círculo eleitoral de Leiria nas últimas eleições legislativas, confirmou a disponibilidade para se candidatar a presidente do Grupo Parlamentar do PSD. “Após análise da situação política nacional, e conversa com o presidente do PSD, Rui Rio, chegámos à conclusão de que deveria ser candidato a líder parlamentar, prestando esse serviço ao partido”, afirmou o presidente do Conselho Nacional do PSD, professor universitário e antigo juiz do Tribunal Constitucional entre 1998 e 2007.

Entre outros cargos políticos, Paulo Mota Pinto foi vice-presidente do PSD sob a liderança de Manuela Ferreira Leite e deputado entre 2009 e 2015, tendo sido presidente da comissão de Orçamento e Finanças. As eleições para a escolha do sucessor de Adão Silva na liderança da bancada dos sociais-democratas deverão realizar-se na próxima semana, uma vez que têm de ser convocadas com pelo menos uma semana de antecedência.

A escolha de Mota Pinto está a ser vista no partido como uma escolha de Rio (que está "em plenas funções", vão repetindo membros da sua direção) e que não será do agrado de Luís Montenegro, o presumível sucessor de Rio na liderança do PSD. "Escolheu o nome que achou que era o melhor dentro do grupo parlamentar que tinha. Depois, qualquer que seja o líder, pode chegar e mudar a direção da bancada, foi o que Rui Rio fez quando chegou", diz um membro da atual direção, desvalorizando a provocação.

André Coelho Lima era outro nome falado para a liderança parlamentar, mas há quem entenda que estava "demasiado envolvido" no combate político da atual direção e a sua indicação seria vista como uma provocação maior. Paulo Mota Pinto, por sua vez, goza do estatuto de presidente do Congresso, embora toda a condução dos trabalhos que fez nos últimos Congressos e Conselhos Nacionais foi sempre vista como muito sectária, a favor da direção e contra os grupos da oposição interna.

O médico Ricardo Batista Leite também era frequentemente apontado como uma possibilidade, numa lógica de consensos, uma vez que foi sendo promovido por Rui Rio na última legislatura e era uma figura considerada neutral por não se envolver ativamente em nenhuma fação dos combates internos. "Se o escolhessemos seria sinal de que apoiávamos o Montenegro", comenta uma fonte, sugerindo que Batista Leite facilmente apoiará o candidato Luís Montenegro e dessa forma seria visto como um sinal de que a atual direção já dá como certo que Luís Montenegro vai ser o próximo líder do partido.

Daí que a escolha tivesse de ser feita numa lógica unilateral, e sem olhar a concertações com a eventual futura liderança. Na memória de todos está o ano de 2018, quando Rui Rio assumiu a liderança do partido e, sem ter lugar no Parlamento, afastou da liderança da bancada Hugo Soares (que tinha substituído Luís Montenegro) e escolheu Fernando Negrão, ganhando ali algum apoio numa bancada que lhe era hostil.

Coisa diferente é o cargo de vice-presidente da Assembleia da República, onde Rui Rio quis garantir o lugar a um dos seus e do qual, uma vez eleito, não pode sair. A eleição decorre esta semana, sendo por voto secreto, em urna, e, se colher o voto da maioria dos deputados, Adão Silva ocupa o cargo durante toda a legislatura - que tem a duração presumível de quatro anos. Para muitos, segundo apurou o Expresso, a escolha foi uma forma de assegurar este lugar de destaque a um deputado que, de outra forma, seria relegado para a quinta fila do Parlamento assim que o novo líder (Luís Montenegro, no caso) tomasse posse. Adão Silva foi líder parlamentar durante a última legislatura e é um dos deputados mais antigos da bancada do PSD.