O terrorismo que ameaça o Norte de Moçambique, sobretudo na zona de Cabo Delgado, é um ataque à soberania do Estado moçambicano da mesma forma que a invasão russa é um ataque à soberania da Ucrânia. A analogia foi feita pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na conferência de imprensa conjunta com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
“Não conseguimos compreender como se pode interferir na soberania de um Estado a não ser a pedido desse Estado”, disse Marcelo no primeiro ponto do encontro entre chefes de Estado, desta visita oficial de quatro dias.
A conferência de imprensa foi dominada pelas explicações sobre a posição de Moçambique na ONU e as suas eventuais implicações. Filipe Nyusi justificou a abstenção na resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que condenou a invasão russa da Ucrânia. “Moçambique não está de acordo com a guerra, defendemos o diálogo”, disse Nyusi, nas declarações aos jornalistas depois do encontro com o Presidente português, que iniciou esta quinta-feira uma visita oficial de quatro dias a Moçambique.
Marcelo, por seu lado, desvalorizou o voto de Moçambique, salientando que o país não votou ao lado da Rússia. O Presidente português defendeu que nem a guerra na Ucrânia, nem a posição de Moçambique na ONU prejudicam o empenho de Portugal e da União Europeia no combate ao terrorismo em Moçambique.
“Nada da posição portuguesa sobre a Ucrânia colide com o nosso apoio e empenho com o povo irmão de Moçambique”, garantiu o Presidente português.
Os dois países são candidatos a membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU e, neste encontro, os presidentes prometeram apoio mútuo a essas candidaturas.