Política

“Vou continuar a estar por aqui”: Francisco Rodrigues dos Santos deixa liderança do CDS, mas ajusta contas na saída

Presidente do CDS fez declaração em que acusou adversários internos de o terem “atropelado” e combatido. “O fogo amigo mata”, queixou-se na despedida

O congresso que vai decidir a sucessão de Francisco Rodrigues dos Santos está marcado para 2 e 3 de abril. FOTO: MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Falou no Conselho Nacional. E depois desceu ao rés-do-chão para fazer uma declaração aos jornalistas. A seguir, saiu da sede do CDS e foi embora no carro conduzido pela mulher. No primeiro andar, continuava a reunião. Foi assim a despedida de Francisco Rodrigues dos Santos, ainda presidente do CDS, que deixou a promessa: “Vou continuar a estar por aqui.”

Na primeira parte da sua declaração, na pequena sala de Impresa do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos aproveitou para, mais uma vez, se queixar da oposição interna e das circunstâncias em que exerceu o seu mandato.
“Fomos atropelados por uma pandemia que impediu que fizesse das ruas de Portugal o meu escritório”, lamentou. Mas o pior, disse, foram os ataques internos e a batalha que considera que lhe foi feita pelo grupo parlamentar, onde Cecilia Meireles nunca renunciou ao lugar que permitiria ao presidente do partido ter lugar no Parlamento. Também não esqueceu os militantes que disseram que iam votar noutros partidos e até disse que esta noite, no Conselho Nacional, haveria mais dirigentes do que votantes no CDS”.

“O fogo amigo mata. O CDS só terá futuro se não repetir as vergonhas do passado”, continuou Francisco Rodrigues dos Santos, que mal se terá cruzado com Nuno Melo no Conselho Nacional, uma vez que o eurodeputado e pretendente a líder entrou na sede minutos antes da declaração pública do ainda presidente.

Francisco Rodrigues dos Santos, ainda assim, considera que o CDS já deu “passos importantes” desde as eleições legislativas em que teve 1,9 por cento e perdeu representação parlamentar e que há condições para voltar a “afirmar-se como a direita certa para Portugal”. Para o futuro, prometeu “recato”, umas vezes no silêncio, mas noutras vezes com intervenção. “Não farei ao meu sucessor o que me fizeram” garantiu. E concluiu: “Não vou andar por aí porque estive sempre aqui e vou continuar por aqui.”

O congresso do CDS, que é eletivo, deve decorrer no primeiro fim de semana de abril. É essa a proposta da direção cessante que será votada no Conselho Nacional desta sexta-feira. Além de Nuno Melo que, como candidato, terá de apresentar uma proposta de moção de estratégia global, dois outros grupos de militantes também já estão a preparar moções: um é liderado pelo consultor Bruno Filipe Costa e outro por Nuno Correia da Silva, conselheiro nacional e ex-deputado do CDS.