Um Bloco de Esquerda próximo do centro, colado à necessidade de um acordo com o PS, que, por sua vez, lhe tira sempre o tapete. Um BE que, depois do sucesso dos primeiros anos de ‘geringonça’, se deixou acomodar nos corredores do Parlamento. É assim que os críticos da atual direção olham hoje para o partido.
Nas palavras do histórico Mário Tomé, ex-deputado único pela UDP (um dos partidos na origem do BE), é preciso que o partido “não soçobre ao ‘acordismo’, ao centralismo, à burocracia” e que volte às bases. “Uma orientação que coloca no centro tático a possibilidade de um acordo com o PS não funciona e tem conduzido a perdas eleitorais” [ver infografia], acrescenta Pedro Soares, ex-deputado na legislatura da ‘geringonça’ que, entretanto, se tornou crítico da linha da direção. António Soares Luz, dirigente da distrital do Porto, recorre à metáfora, comparando o partido a “uma pessoa rejeitada que está sempre a pedir namoro”.