Mais de um ano e meio depois do início da pandemia, António Costa considera que “temos aprendido com a experiência”. E essa aprendizagem faz com que o Governo insista na necessidade de uma medida que mais nenhum país da União Europeia tomou: pedir testes negativos a todos os passageiros que entram no país, mesmo que estejam vacinados e tenham o Certificado Digital Covid.
Em declarações no final de uma visita à Autoeuropa, o primeiro-ministro falou da experiência. “Confirmou-se que nenhuma vacina assegura 100% de proteção. Pronto, é isso.” Costa garante que não se trata de “desvalorizar” a vacinação, que é “imprescindível”, e muito menos de desvalorizar o certificado. “Seríamos os últimos a desvalorizar um certificado que foi uma construção e [que foi] aprovado durante a presidência portuguesa” da UE. Mas perguntou aos jornalistas: “porque é que estamos de máscara? E quem diz a máscara, diz o teste”.
O Governo entende que é preciso uma dupla segurança no caso de cidadãos vindos de outros países e que, mesmo que o Certificado Covid tenha sido criado para facilitar as ligações entre Estados-membros, “alguns países da União Europeia estão com elevadíssimas taxas de incidência”. Se há um ano “era preciso fechar fronteiras”, lembrou Costa, “agora, felizmente, não”. “Em algumas situações”, como a dos voos, “devemos ter teste”.
Além de estar a avaliar esta imposição de um teste negativo (uma medida que contraria a recomendação da Comissão Europeia), Bruxelas anunciou esta sexta-feira que vai propor a suspensão de voos com origem na África austral, devido à nova variante do vírus, a B.1.1.529, com origem na África do Sul.
A lista não inclui, para já, nenhum país de língua oficial portuguesa, mas António Costa garante que o Governo está em contacto com os países próximos daquela região, Angola e Moçambique, para “tentar manter, na medida do possível, os voos” e “as melhores soluções que garantam a segurança de todos”.
E notou, como um sinal a Bruxelas. “O risco de transmissão não se afere só por continentes, nem pelas variantes, afere-se também por critérios objetivos, como a taxa de incidência. E há países europeus cuja taxa de incidência tem riscos hoje acrescidos relativamente a outros.”