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Política

PSD em modo de ataque a Marcelo: “ódio visceral a Rio”, “colo à geringonça” e a “mão visível” em favor de Rangel

Desde que recebeu Paulo Rangel em Belém que o Presidente da República está a ser “torpedeado” por membros da direção do PSD e por deputados próximos de Rui Rio que o criticam em termos nunca usados pela esquerda ou pelo PS. Ou porque andou a ajudar a ‘geringonça’ no primeiro mandato (argumentos que não usaram nas presidenciais) ou porque agora age em Belém como se andasse a “tocar à campainha dos vizinhos”. A pressão é total para Marcelo marcar as eleições para 16 de janeiro

José Caria

Nove meses depois de Rui Rio ter apoiado Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições presidenciais, a direção do PSD e deputados próximos do líder passaram a fazer acusações ao Presidente da República nunca vistas desde que o antigo comentador chegou a Belém. Criticam agora o "colo" que este deu à 'geringonça' no primeiro mandato - o que não fizeram quando lhe manifestaram apoio -, e atacam Marcelo com uma agressividade nunca usada pelo PS nem pelos partidos de esquerda. Isabel Meireles, deputada e vice-presidente do partido, chegou a acusar o PR de "ódio visceral" a Rui Rio. Tudo por ter recebido Paulo Rangel em Belém, e por causa da data das legislativas.

A coordenadora dos deputados do PSD na comissão dos Negócios Estrangeiros e professora universitária desferiu o maior destes ataques ao Presidente da República, que qualificou como um "chefe de fação", um "guerrilheiro", expressão que puxou para título num artigo publicado esta segunda-feira no Jornal Económico: "Quis receber, em audiência, Paulo Rangel, para arremessar um torpedo a Rui Rio. Disparou o projétil a partir de Belém e colocou em toda a sua carga o ingrediente mais nocivo do ser humano, o ódio, o ódio visceral a Rui Rio", atirou Isabel Meireles. Acusando Marcelo de se comportar "como o menino que outrora tocava nas campainhas dos vizinhos" e de "desestabilizador do PSD", Meireles acentuou a pressão sobre Belém: diz que o PR se "excedeu" ao "intrometer-se deliberadamente na vida interna do principal partido de oposição" e desconfia que a data em que marcará as eleições favorecerá Paulo Rangel. A direção do PSD defende eleições a 16 de janeiro enquanto Rangel apontou para finais de fevereiro, mas a expetativa é que a decisão de Marcelo fique algures entre as duas datas (30 de janeiro ou 6 de fevereiro).