O deputado social-democrata Pedro Rodrigues considera que a missiva que a Direção do partido enviou aos militantes esta segunda-feira indica “desorientação coletiva” na equipa de Rui Rio. Numa publicação na rede social Facebook, o antigo líder da JSD declara-se “profundamente preocupado”.
“A carta hoje enviada aos militantes com uma narrativa pouco comprometida com a verdade, o profundo desrespeito demonstrado por quem pensa de forma diferente e os ataques e pressões absolutamente inaceitáveis feitos ao Presidente da República significam um trajeto que o PSD tem rapidamente de inverter”, escreve Rodrigues.
Apoiante de Paulo Rangel nas diretas marcadas para 4 de dezembro, que Rio quer adiar, Rodrigues acredita que “a obsessão que a direção do partido revela em suspender as eleições internas por si marcadas” mostra “manifesto receio em enfrentar a opinião dos militantes”. Fazer a vontade a Rio “significaria a perda da oportunidade de o partido desenvolver uma saudável discussão interno que permita assegurar a unidade do partido e o fortalecimento de uma alternativa galvanizadora para Portugal”, alerta.
O deputado frisa que “ninguém no PSD pediu que a Direção Nacional marcasse eleições para a liderança do partido”. Fê-lo “o Conselho Nacional a pedido e na data proposta pela direção e pelo seu presidente”. Se no dia 14 este órgão negou a pretensão de Rio, o certo é que há nova reunião marcada para sábado, dia 6.
Ex-apoiante de Rio
“O momento que vivemos exige que a direção do partido e o seu presidente revelem bom senso e serenidade e não caminhem no sentido da negação da realidade que nos pode conduzir a um processo similar ao que, infelizmente, se está a viver no CDS”, frisa Rodrigues. Na sua opinião “o PSD precisa de rapidamente concluir o seu processo de escolha de liderança, definir o seu candidato a primeiro-ministro” e o seu programa eleitoral, “sem expedientes e sem manobras de secretaria”.
Rodrigues apoiou Rio, em 2018, tendo sido coordenador da bancada social-democrata na Comissão de Trabalho e Segurança Social da Assembleia da República. Em maio de 2020, porém, demitiu-se do cargo, criticando o chefe por “não se reunir e envolver devidamente o grupo parlamentar” e invocando “falta de confiança” da sua parte.
As diretas continuam agendadas para 4 de dezembro, sendo os candidatos declarados Rui Rio e Paulo Rangel. O congresso laranja está previsto para janeiro de 2022. As legislativas poderão colidir com este último calendário.