Política

Rio nega tentativa de adiamento das eleições internas e passa culpa a Rangel pela “confusão”

Candidatura de Rui Rio lamenta que Paulo Rangel tente passar "notícias falsas e contrainformação", procurando criar cenários especulativos em nome da Direção do Partido sobre marcação de um possível Conselho Nacional extraordinário para adiar as 'diretas'. O cenário negado por Rio já foi admitido por Mota Pinto, líder da Mesa do Congresso do PSD

TIAGO MIRANDA

O presidente do PSD e recandidato à liderança do partido garante que não voltou a referir-se ao calendário das eleições diretas, agendadas para 4 de dezembro, desde o último Conselho Nacional (CN), demarcando-se assim da possível marcação de um CN Extraordinário para tentar adiar as eleições internas, caso o Orçamento do Estado chumbe e o país vá antecipadamente a eleições legislativas.

Em comunicado, a candidatura afeta a Rui Rio lamenta, esta terça-feira, que a candidatura alternativa esteja a “tentar lançar a confusão”, quando o país se encontra ele próprio envolvido numa encruzilhada que afeta o futuro dos portugueses, através de “notícias falsas e contrainformação, procurando criar cenários especulativos em nome da Direção do Partido“.

“O momento é de apelar à serenidade e não à guerrilha interna!”, refere a candidatura de Rui Rio, sem aludir ao facto de ter sido o próprio presidente da Mesa do Congresso do PSD, Paulo Mota Pinto, que veio defender a necessidade de o partido fazer uma “reflexão” sobre a realização ou não de diretas no início de dezembro.

Na SIC Notícias, esta segunda-feira, Paulo Mota Pinto, fiel apoiante de Rio, lembrou que o presidente do PSD tentou adiar as eleições internas para depois da aprovação ou não do OE, sublinhando que a ida a votos a 4 de dezembro revelou-se “um aventureirismo irresponsável”, posição similar à do líder do partido, no CN de 14 de outubro, e reiterada pelo próprio Rui Rio no discurso de formalização da recandidatura, sexta-feira no Porto.

Possível cenário de dissolução do Parlamento

“O PSD pensa até que deve haver eleições (legislativas) o mais rapidamente possível”, afirmou Mota Pinto, notando, contudo, que, nesse cenário, se as diretas internas não forem adiadas, a imagem que irá transparecer para o exterior "é que o partido está dividido".

No comunicado, a candidatura do líder do PSD volta a recordar que Rui Rio apelou, no CN, “à reflexão dos conselheiros e militantes em geral sobre as consequências de marcar umas eleições diretas, numa altura em que tudo fazia adivinhar que o país podia entrar numa crise política, com a eventual dissolução do Parlamento e a convocação de eleições nacionais antecipadas”.

“Fê-lo, mais uma vez em nome do interesse do país e do próprio Partido”, nota a candidatura, advertindo, no entanto, que posição de Rio, “como é pública, não foi, então, acolhida pela maioria dos conselheiros”, que preferiram lançar-se “numa aventura eleitoral que em nada beneficia a imagem do Partido perante o país”.

Para Rui Rio, só quarta-feira, quando se souber se o Orçamento é reprovado – “se o for” –, na Assembleia da República, é que será o momento a partir do qual se colocará (ou não) o cenário de dissolução do Parlamento. A candidatura, não avança, contudo, qual será então a posição do líder sobre o eventual adiamento da disputa interna.

Paulo Rangel, até agora, o que veio defender foi a necessidade de o PSD ir a votos às legislativas com um líder “fortemente legitimado” por eleições internas, ideia que marcou o discurso da sua primeira ação de campanha, domingo, no Porto.