Este conflito é o primeiro teste à reforma do comando superior das Forças Armadas: trata-se do primeiro choque frontal de um chefe militar com o ministro da Defesa e com o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA). João Gomes Cravinho, ministro da Defesa, chumbou o nome proposto pelo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) para substituir o comandante naval - que continua em funções mesmo já tendo passado à reserva -, depois de ouvir a opinião do CEMGFA, o almirante Silva Ribeiro. A situação é inédita, nunca tinha acontecido, segundo as fontes ouvidas pelo Expresso e já motivou uma reunião de urgência do Conselho do Almirantado na manhã desta quarta-feira.
O ministro emitiu um despacho, a que o Expresso teve acesso, onde diz apenas que o nome do contra-almirante Oliveira e Silva não mereceu a sua concordância, deixando a entender que não tinha perfil: "Considerando o processo em curso nas Forças Armadas, com vista ao reforço da ação coordenada da estrutura superior das Força Armadas, e a consequente necessidade de nomear oficiais-generais com o perfil adequado aos novos desafios (...), ouvido o almirante CEMGFA, não merece a minha concordânicia a proposta apresentada pelo almirante CEMA". Nos meios militares, o chumbo é entendido não por incompetência, mas por ser um chefe de gabinete do CEMA que também era contra a reforma em curso.