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Política

Pobreza, exclusão e o “paraquedista” André Ventura. Reportagem em Moura

Em 2017, o bastião comunista virou PS. Há problemas de integração, mas são crianças ciganas que mantêm uma escola aberta. Agora, Ventura aposta ali as cartas de uma vitória autárquica

Alzira Romeira tira água do poço

Ainda não é uma da tarde quando Alzira Romeira recebe o Expresso na casa onde vive com um dos três filhos. Já almoçaram. Foi “massa com miudezas”, ao jantar será “o resto”. “Faço uma comida hoje e tem de dar para dois ou três dias”, conta. Tomam o pequeno-almoço, mas não lancham. “Jantamos mais cedo para enganar a fome.” Com 56 anos e viúva há ano e meio, já não está em condições de trabalhar. Tem problemas “nos joelhos e nos artelhos” e, às vezes, por falta de dinheiro, não vai às consultas. Ainda no mês passado recebeu uma conta de eletricidade de quase €300, praticamente o que recebe de pensão. “A parte mais cara já ele pagou.” Ele é o filho António, que tem consultas de psiquiatria em Beja todos os meses.

Alzira nasceu no Sobral da Adiça e a sua família está referenciada como muito carenciada, como o Expresso pôde testemunhar. Esta foi a sua primeira morada mas, “quando foi da cheia de 1997, a casa ficou alagada”. Mudou-se então para o Monte dos Lameirões, depois o marido adoeceu e tiveram de voltar. “Fizeram essa ribeira nova e disseram que a água não voltava a entrar.” Mas entrou ainda no ano passado. A obra na ribeira comprometeu a estrada, que está cheia de buracos: “Desde que andaram aí amanhando a ribeira, deram cabo da rua. Têm estado tantos na Câmara e está tudo na última.”