Ainda não é uma da tarde quando Alzira Romeira recebe o Expresso na casa onde vive com um dos três filhos. Já almoçaram. Foi “massa com miudezas”, ao jantar será “o resto”. “Faço uma comida hoje e tem de dar para dois ou três dias”, conta. Tomam o pequeno-almoço, mas não lancham. “Jantamos mais cedo para enganar a fome.” Com 56 anos e viúva há ano e meio, já não está em condições de trabalhar. Tem problemas “nos joelhos e nos artelhos” e, às vezes, por falta de dinheiro, não vai às consultas. Ainda no mês passado recebeu uma conta de eletricidade de quase €300, praticamente o que recebe de pensão. “A parte mais cara já ele pagou.” Ele é o filho António, que tem consultas de psiquiatria em Beja todos os meses.
Alzira nasceu no Sobral da Adiça e a sua família está referenciada como muito carenciada, como o Expresso pôde testemunhar. Esta foi a sua primeira morada mas, “quando foi da cheia de 1997, a casa ficou alagada”. Mudou-se então para o Monte dos Lameirões, depois o marido adoeceu e tiveram de voltar. “Fizeram essa ribeira nova e disseram que a água não voltava a entrar.” Mas entrou ainda no ano passado. A obra na ribeira comprometeu a estrada, que está cheia de buracos: “Desde que andaram aí amanhando a ribeira, deram cabo da rua. Têm estado tantos na Câmara e está tudo na última.”