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Geringoncismo, asfixia democrática. Críticos de Catarina Martins ganham peso na Convenção do Bloco

Pela primeira vez a liderança de Catarina Martins enfrenta uma moção expressiva, com quase um quinto dos delegados eleitos, que acusa o partido de se ter institucionalizado e de se deixar instrumentalizar pelo PS. Repetem-se acusações de “asfixia democrática” e centralização do poder. Moção do núcleo duro do Bloco perde influência

Imagem da XI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, após o discurso de encerramento de Catarina Martins. Quase três anos volvidos, adivinha-se um debate interno mais 'rasgadinho'
José Fernandes

A liderança de Catarina Martins não está em causa, mas a XII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, marcada para o próximo fim de semana, 22 e 23 de maio, vai ser bem diferente do passeio no parque anterior. As diferenças começam logo por ser práticas, com o número de delegados reduzido a metade, efeito justificado pela pandemia, e com uma inédita ida ao Norte do país — mais concretamente, ao Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos.

Mas a principal diferença é outra. A redução de delegados favorece a maioria da atual liderança, e mesmo assim, os principais críticos internos, vindos do Movimento Convergência, atingiram agora quase um quinto dos delegados, segundo os resultados conhecidos esta segunda-feira — são 66 eleitos pela Moção E, 19,2% - bastante acima dos 7,5% que teve a ala crítica na Convenção anterior. Uma moção que pode ir mais longe, se os eleitos por plataformas locais (que não apresentam moções, mas estão obrigados a votar numa) escolherem a E. São mais 22 delegados nessas condições.