Política

Acordos com PCP e Bloco? "Conheço pessoas que se divorciaram e voltaram a casar-se anos depois", diz António Costa

Em entrevista a DN, JN e TSF, primeiro-ministro afasta hipóteses de crise política no horizonte: “Esse cenário é puramente académico e especulativo que não pode ter adesão à realidade e que não a tem. O que eu tenho sentido, aliás, dos nossos parceiros é a total disponibilidade para continuarmos a trabalhar"

HUGO DELGADO

O primeiro-ministro deu uma entrevista a TSF, "Jornal de Notícias" e “Diário de Notícias” na qual refletiu sobre a "insanidade" de uma crise política, o desempenho do turismo em 2021 e ainda sobre os "cenários mais otimistas" que permitem acelerar o que está estipulado no plano de vacinação.

“Acho que as pessoas têm todas bom senso”, começou por dizer António Costa quando questionado sobre o cenário de o próximo Orçamento do Estado não ser viabilizado. “Perante uma pandemia, perante a maior crise económica que o país alguma vez enfrentou - ou, pelo menos, nas últimas décadas - e uma crise social brutal, alguém pode desejar correr o risco de contribuir para uma crise política? Só num grau de insanidade total”, pode ler-se na entrevista.

E acrescentou: “Esse cenário é puramente académico e especulativo que não pode ter adesão à realidade e que não a tem. O que eu tenho sentido, aliás, dos nossos parceiros é a total disponibilidade para continuarmos a trabalhar. Mesmo o Bloco de Esquerda, que não viabilizou o último Orçamento, já disse publicamente que quer as reuniões de trabalho connosco, que está disponível para voltar a sentar-se à mesa e a olharmos para o Orçamento de 2022”.

Em relação ao PCP, o primeiro-ministro foi ainda mais longe nas intenções: "Tenho esperança de que em 2022 todos cheguem a acordo. (...) Nem os divórcios, às vezes, são irreversíveis. Eu conheço casos de pessoas que se divorciaram e voltaram a casar-se anos depois."

O PM indicou também que não acredita que “este ano o turismo seja uma grande alavanca da recuperação económica”. E esclareceu: “Eu acho que não haverá a normalização do turismo à escala global seguramente antes de 2022/2023. Vai ser uma retoma progressiva, as pessoas vão ter ainda receios, pois o nível de vacinação não é o mesmo em todas as zonas do mundo. Toda a dinâmica da viagem, da confiança, isso vai infelizmente levar algum tempo a retomar, mas irá acontecer”.

Fase de viragem até final do verão

Embora o plano de vacinação preveja 70% de vacinados até ao final do verão, “há cenários mais otimistas que nos permitem admitir que consigamos chegar lá mais cedo”, garantiu Costa, ressalvando que há um espaço para a imprevisibilidade, já que o país está “condicionado pelas vicissitudes que existem na produção e na distribuição de vacinas”.

O primeiro-ministro, que admite puxar o travão “sempre que necessário”, informou que o certificado verde está bem encaminhado nas conversas com os parceiros europeus. “Acho que vamos conseguir aprovar muito rapidamente esse certificado verde e acho que vai ser um elemento acrescido que favorecerá a circulação.”