Num ponto, os parceiros da Concertação Social estão de acordo: é de "lamentar" que o Governo lhes tenha escondido um calendário e um conjunto de medidas a adotar por Portugal até 2026, como condição para a entrega das verbas da chamada bazuca europeia. A notícia faz manchete da edição desta semana do Expresso e tanto patrões como sindicatos foram surpreendidos por estas negociações paralelas feitas à margem dos partidos e também dos parceiros sociais.
"Connosco, nada disso foi discutido", diz António Saraiva ao Expresso. O patrão da CIP garante que, fora da única reunião da Concertação Social onde o Governo apresentou as linhas gerais do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), não foi transmitida nenhuma indicação suplementar sobre as condições impostas por Bruxelas para a atribuição e distribuição das verbas. Uma atitude "aparentemente contraditória com as sucessivas declarações do primeiro ministro e do Governo sobre a importância da Concertação Social", diz António Saraiva concluindo com um provérbio popular: "bem prega São Tomás, olha para o que ele diz, não para o que ele faz".