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Eutanásia. Pedido de fiscalização de Marcelo dividiu, CDS admite insistir no TC (se a lei passar)

Há quem perceba a argumentação criativa e quem fique “perplexo”. CDS promete insistir até ao fim para que eutanásia seja travada

Presidente enviou diploma para apreciação. Juízes têm 25 dias para decidir
José Carlos Carvalho

Foi uma solução criativa: depois de meses a recusar desfazer o tabu sobre a decisão que tomaria quando o diploma da eutanásia chegasse a Belém, Marcelo Rebelo de Sousa acabou por se afastar da questão mais ideológica — a de saber se o conceito da morte medicamente assistida é, em si, inconstitucional, esclarecendo se viola ou não o direito à vida — e enveredar, na argumentação que enviou ao Tribunal Constitucional, por questões mais técnicas. A solução não é consensual entre as várias entidades que intervieram no processo e que enviaram ao Parlamento pareceres sobre o assunto — e pode não servir para fechar o assunto, mesmo que o Tribunal ‘aprove’ o diploma, uma vez que o CDS promete não largar o tema e nem exclui voltar a suscitar a fiscalização da lei.

Entre os democratas-cristãos, a questão está a ser analisada para perceber se é possível pedir uma nova fiscalização da lei por motivos diferentes dos de Marcelo, nomeadamente invocando o artigo da Constituição (24º) que estabelece o direito à vida. Por agora, o partido espera pela decisão do TC, mas uma coisa é certa: “O CDS tudo fará para que a eutanásia seja declarada inconstitucional”, diz o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos ao Expresso. “Neste momento, é necessário aguardar pela decisão e fundamentação do TC”. Depois se verá se os democratas-cristãos, que prometem insistir até às últimas consequências, conseguem justificar um reenvio da lei para o TC – sendo certo que para isso precisarão de convencer pelo menos mais 18 deputados, dado que o CDS tem cinco assentos na Assembleia da República e são precisos 23 para dar início a um pedido de fiscalização com origem no Parlamento. O PSD, por ora, está em silêncio sobre o tema, mas sabe-se que é maioritariamente contra o diploma.