Política

Bloco exige demissão de Cabrita: "Governo não leva a sério o país"

"O MAI já não é um ministério", criticou Pedro Filipe Soares no Twitter, horas depois de o "Diário de Notícias" ter revelado que a ex-diretora do SEF voltou a ser contratada pelo SEF

Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco
António Pedro Ferreira

Foi em dezembro, na sequência da conferência de imprensa que Eduardo Cabrita deu sobre o caso do cidadão ucraniano assassinado no SEF, que o Bloco de Esquerda subiu o tom e atirou sobre o ministro, garantindo que não teria condições para continuar. Esta terça-feira, e perante as novas revelações que continuam a surgir sobre o caso, o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, não teve dúvidas em reforçar o pedido de demissão e ir mais longe na sua avaliação - sobre Cabrita e sobre o Governo como um todo.

A reação surgiu depois de o "Diário de Notícias" ter revelado que a ex-diretora do SEF, Cristina Gatões, que estava em funções à época e que chegou a admitir ter havido tortura nas instalações do Estado, está de novo a trabalhar para o SEF, desta vez como assessora do novo diretor, Luís Francisco Botelho Miguel, e integrando o grupo de trabalho para reestruturar os vistos Gold. No Twitter, Pedro Filipe Soares disparou: "Se o tínhamos dito antes, agora é incontornável: Eduardo Cabrita não tem condições para se manter no cargo".

"A incompetência compensa: a contratação da ex-diretora do SEF é imagem de um Governo que não leva a sério o país", criticou. "O MAI já não é um ministério."

O tweet foi acompanhado pela partilha de uma outra notícia do "Diário de Notícias", desta vez dando conta de que a mesma ex-diretora foi desmentida por um dos acusados pela morte de Ihor Homeniuk depois de ter assegurado ao Ministério Público que os inspetores do SEF não teriam recebido bastões extensíveis - uma das armas que, segundo a acusação, terá sido usada para matar a vítima.

O partido não se ficou pelo tweet e já tomou duas ações a nível parlamentar: enviou uma pergunta ao Governo, na qual defende que "não se compreende" a escolha da ex-diretora e questiona se o Executivo considera que Gatões reúne as "condições" necessárias para o exercício do cargo, e apresentou um requerimento para chamar Eduardo Cabrita ao Parlamento, para falar sobre as funções da ex-diretora e a reestruturação do organismo. "Em dezembro anunciou que estaria em curso no mês de janeiro, até hoje nada aconteceu", aponta o partido.

Os três inspetores do SEF que estão a ser julgados pela morte de Homeniuk aceitaram falar esta terça-feira, em julgamento, desmentindo a prática de qualquer crime. Esta manhã, desmentiram a prática de crimes e um deles, Luís Silva, assumiu que o uso dos bastões no SEF era "prática comum": "Era uma ferramenta de trabalho e nunca ninguém me disse que não a podia usar".

Texto atualizado com novas informações às 18h53.