Às 21h20, no exterior dos estúdios da RTP, os termómetros marcavam 6.ºC. A noite fria desta sexta-feira aconselhava o aconchego do lar, mas Marisa Matias e João Ferreira tinham um debate marcado e não podiam furtar-se a travá-lo. Carlos Daniel, o moderador, procurou, logo a abrir, que os espíritos de ambos aquecessem, desafiando-os a apresentarem, mais do que os pontos que os unem, as fronteiras que os dividem, mas entre a esquerda progressista (que o BE costuma encarnar) e a esquerda conservadora (com que o PCP é conotado) as diferenças foram residuais.
Marisa e João, destacados quadros do partido de Catarina Martins e de Jerónimo de Sousa, velhos conhecidos do Parlamento Europeu, economizaram nas hostilidades. Concordaram em quase tudo: na centralidade que o trabalho e a proteção dos trabalhadores devem ter, na oposição ao encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos e até na assunção de que o ambiente tem servido para inúmeros discursos políticos vazios.