André Ventura é “um grito que vem do coração, um sinal do céu”, declarou Marine Le Pen esta sexta-feira num hotel lisboeta. O elogio hiperbólico da presidente do Rassemblement National (RN, antiga Frente Nacional) foi correspondido: “É um dia muito feliz e importante”, a vinda de Le Pen “é particularmente simbólica para mim como líder do Chega” e “é um grande orgulho recebê-la”. Mas não havia como disfarçar o desconforto após a saída de vários jornalistas em protesto contra a falta de distanciamento numa sala acanhada para o evento – e no pior dia da pandemia em Portugal, com recordes de novas infeções, casos ativos, mortos e internados.
A líder francesa agradeceu “a presença numerosa” na sala, o que só poderá ser entendido como uma nota de ironia, uma vez que restavam já poucos jornalistas. O RN e o Chega “não são clones mas parceiros, aliados”, fez questão de sublinhar a dois dias do arranque oficial da campanha presidencial em que Ventura é candidato. Mas destacou a “imensa sorte” dos portugueses em terem “um chefe político tão forte e talentoso”. O líder do Chega devolveu o elogio: “Le Pen tem sido uma lutadora em França e na Europa, é um dos grandes símbolos europeus. E acredito que muito em breve liderará um dos grandes países europeus”. Motivo pelo qual, disse, “faz todo o sentido” recebê-la nesta altura em Portugal.