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Marcelo faz com Cabrita o que fez com Constança de Sousa: “É preciso saber se os que deram vida ao sistema podem dar vida ao seguinte”

Assumida a responsabilidade do Estado no caso do SEF, o Presidente da República coloca o ministro da Administração Interna sob condição. Marcelo não o pode demitir, mas foi muito claro: se o "pecado" for "sistémico", "é preciso saber se os que deram vida ao sistema podem dar vida ao seguinte". E aí o Presidente não tem dúvidas: se tivermos que passar a "uma nova realidade, provavelmente quem protagonizou a primeira não terá condições para protagonizar a segunda".

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Marcos Borga

É muito parecido com o que o Presidente da República disse quando, no verão de 2017, após os fogos no centro do país que mataram 100 pessoas, afirmou: "O Presidente da República pode e deve dizer que abrir um novo ciclo inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo". Na altura, o discurso do Presidente levou a então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, a apresentar a demissão.

Esta quinta-feira, a propósito do caso de "tortura" (como assumiu a diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que entretanto se demitiu) com um cidadão ucraniano no SEF, Marcelo disse algo muito parecido: "É preciso saber se os que deram vida ao sistema podem dar vida ao seguinte".

Mas o Presidente disse mais: "Se há uma realidade, como um todo, que enquanto sistema se vem a concluir que globalmente não funciona, então tem que ser substituida por outra e provavelmente quem protagonizou a primeira não tem condições para protagonizar a segunda".