O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está "fragilizado", o botão de pânico foi uma ideia "triste", e Eduardo Cabrita, o ministro da Administração Interna, tem de quebrar o silêncio sobre o assunto e devia ter demitido a diretora do SEF mais cedo. Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, foi dura para o Governo no programa da TVI Circulatura do Quadrado, ao analisar o caso da morte do cidadão ucraniano, Ihor Homeniuk, às mãos de agentes do SEF: "Espero que se quebre um silêncio que é ensurdecedor para todos nós", afirmou, sobre o ministro socialista muito próximo do próprio António Costa.
"O ministro esperou que houvesse os relatórios, fez a demissão que tinha de fazer, e os inspetores vão ser presentes à justiça", disse a ex-secretária-geral adjunta do PS, para dar contexto, e depois disparar: "A instituição SEF fica muito fragilizada com estes 10 meses como se nada tivesse acontecido, e com uma diretora que esteve francamente em silêncio, um silêncio que podia no limite ter morto mais alguém." No mesmo dia em que do PSD ao Bloco de Esquerda foi questionado o papel de Eduardo Cabrita e exigidas consequências políticas, Ana Catarina Mendes lançou mais uma crítica a Eduardo Cabrita: "Acho que não foram tiradas todas as consequências deste caso a seu tempo: a demissão de hoje é tardia".
Mas a dirigente socialista foi mais longe e também apontou baterias a um comunicado do MAI, desta terça-feira, sobre a demissão de Cristina Gatões: "Atenta à gravidade da da situação, o comunicado do MAI é muito pouco confortável para quem defende o Estado de direito e para quem pretende que o SEF nos defenda e aos cidadãos que entram em Portugal".
Para Ana Catarina Mendes, que em momento algum procurou desculpar o ministro, é "de uma gravidade imensa", o facto de a ex-diretora do SEF ter assumido "em entrevista que podia haver mais casos de tortura". E sugeriu que rolassem mais cabeças na própria instituição. "Espero que o responsável político, quando for ao Parlamento, possa responder o que sabe. Na entrevista, a ex-diretora dá a sensação de não ter comunicado tudo...
O social-democrata José Pacheco Pereira começara por sugerir que este caso devia ter tido como consequência a demissão do ministro Eduardo Cabrita, até porque o MAI "não é um lugar qualquer", pois "trata de questões de segurança dos individuos e em geral do pais". E criticou o silêncio, ao longo de 10 meses, sobretudo do PS, PSD e CDS, que "nunca considerarm o caso relevante." Para Pacheco Pereira, o que pode justificar a demissão é um caso que foi sempre coberto, sempre minimizado, pelo ministro e pela diretora que responde perante o ministro, o que lhe dá especial gravidade".
Sobre a polémica da TAP, Ana Catarina Mendes ironizou que Luís Marques Mendes ainda "não é porta-voz do Governo", e que teve uma "má fonte" para este assunto - foi o comentador da SIC que, no domingo, lançou a notícia de que o Governo tinha a intenção de levar o plano de reestruturação da TAP a votos. E justificou, como que já tinha dito esta terça-feira: que "não é competência do Parlamento provar ou chumbar um plano de reestruturação da TAP" e que "não se deve brincar com a situação da TAP".
"Espero que com a competência que o Governo tem, que o plano de reestruturação tenha acolhimento em Bruxelas e que o Governo se empenhe a salvar a empresa", disse ainda a líder parlamentar socialista.