Política

Bloco diz que Eduardo Cabrita não tem condições para continuar como ministro

BE diz que ministro "não pode fazer parte da solução" para resolver os problemas do SEF. Há poucas horas, Marcelo Rebelo de Sousa deu o mesmo sinal: "É preciso saber se os que deram vida ao sistema podem dar vida ao seguinte""

Pedro Filipe Soares, do BE
MIGUEL A. LOPES/LUSA

O Bloco de Esquerda considerou esta quinta-feira que Eduardo Cabrita não tem condições para continuar ministro da Administração Interna por se ter revelado incapaz de fazer mudanças estruturais no funcionamento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Esta posição foi transmitida pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, na Assembleia da República, na sequência da reação da cúpula do SEF e do próprio Ministério da Administração Interna ao caso em que um cidadão ucraniano morreu nas instalações deste serviço de segurança no aeroporto de Lisboa.

"A composição do Governo é uma competência do primeiro-ministro [António Costa], mas o Bloco de Esquerda entende que o SEF tem problemas sistémicos e que, ao fim de oito meses, o ministro da Administração Interna já não pode fazer parte da solução para resolver esses mesmos problemas", declarou Pedro Filipe Soares.

No Parlamento, o líder da bancada bloquista frisou que o SEF "não pode ser um offshore de impunidade" e rematou: "A quem não fez até agora não damos confiança para fazer mais à frente". Isto depois de o Governo ter prometido uma reestruturação no SEF e de Eduardo Cabrita ter mesmo, esta quinta-feira, ironizado, dizendo "congratular-se" por, depois de "ter estado quase sozinho" a "agir" quando "muitos estavam distraídos, confiandos e desatentos", se ter gerado interesse público por esta situação: "Bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos."

O Bloco tem criticado a atuação neste Governo e lamentado que não tenham sido retiradas consequências políticas deste caso, mas só esta tarde deu o passo de considerar que Cabrita não deve continuar à frente da Administração Interna, depois de outras vozes, como o social-democrata Duarte Marques, terem defendido que o ministro "já devia ter saído". Mas o 'empurrão' do dia foi de Marcelo Rebelo de Sousa, que falou sobre o assunto em moldes semelhantes aos de 2017, quando precipitou a demissão da antecessora de Cabrita, Constança Urbano de Sousa. Esta quinta-feira, Marcelo afirmou: "É preciso saber se os que deram vida ao sistema podem dar vida ao seguinte". Para já, nada indica que Cabrita queira sair - e o primeiro-ministro ainda não veio falar do assunto.