PSD, CDS, PPM e Chega, os quatro juntos. Afinal, o acordo de incidência parlamentar que envolve o partido liderado por André Ventura não foi assinado apenas pelos sociais-democratas. Ao contrário do que afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, na quinta-feira, também os democratas-cristãos (e os monárquicos) deram luz verde ao entendimento que dá viabilidade ao novo Governo Regional dos Açores.
O Conselho Regional do PSD (o parlamento do partido no arquipélago) ratificou esta sexta-feira à noite o documento que tinha ficado fechado na semana passada, antes de os partidos serem ouvidos pelo representante da República, Pedro Catarino. E nele constam as assinaturas de José Manuel Bolieiro (presidente dos sociais-democratas na região), Artur Lima (CDS/Açores), Paulo Estêvão (PPM/Açores) e Carlos Furtado (Chega/Açores).
A controvérsia prende-se com o facto de Francisco Rodrigues dos Santos - a quem o Expresso pediu um esclarecimento - ter sido taxativo ao afastar qualquer tipo de acordo com o Chega (do qual, aliás, tem sido bastante crítico). “O CDS celebrou um acordo para a formação de Governo apenas com o PSD e com o PPM, isto que fique muito claro", garantiu o líder centrista há dois dias.
E disse mais: "Coube ao PSD conseguir viabilizar parlamentarmente o Governo de Aliança Democrática e, como vimos, isso aconteceu através de uma manobra escapatória que o Chega encontrou para identificar nos programas do PSD medidas com as quais concorda."
O presidente do CDS-PP considerou, por outro lado, “evidente que o PSD não se deslocou um milímetro para se aproximar do Chega". Na sua ótica, André Ventura é que “não sabia o que haveria de fazer” e terá ficado “encurralado e numa verdadeira encruzilhada”, acabando, depois, por encontrar uma "solução rebuscada" para dar o dito por não dito, isto é, que o Chega, no fundo, até estava de acordo com alguns aspetos do programa de José Manuel Bolieiro.
Segundo os textos aprovados esta sexta-feira por unanimidade no Conselho Regional do PSD, só a Iniciativa Liberal (IL) recusou aparecer na fotografia ao lado do Chega. Conforme o Expresso adiantou, a luz verde à primeira versão de uma geringonça de direita foi dada através de um acordo paralelo, firmado por Bolieiro e por Nuno Barata, coordenador da IL/Açores.
Quanto ao acordo de incidência parlamentar entre a coligação PSD/CDS/PPM e Chega, tal como o Expresso também noticiou, é válido para toda a legislatura e prevê o voto solidário da força da direita radical no programa do Governo, no plano e nos orçamentos regionais, assim como na apreciação de moções de confiança ou de censura.