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Política

Custou mas foi: Costa propôs a Marcelo o que Marcelo queria

Há 10 dias, o Governo ainda dizia que o estado de calamidade chegava. Após o longo e difícil conselho de ministros de sábado, António Costa não abriu o jogo. Mas no dia de luto nacional, o primeiro-ministro fez o que o Presidente esperava: propôs-lhe o estado de emergência para "robustecer" a resposta às dúvidas jurídicas "que volta e meia aparecem". Marcelo vai decretá-lo. E desta vez será longo. Mais "light", mas prolongado.

marcos borga

António Costa esmerou-se na forma. Falou de "serenidade" e de "bom senso" e foi em registo sereno, pedagógico, disponível para explicar e apostado em desdramatizar, que esta segunda-feira de manhã assumiu, no Palácio de Belém, que acabara de propôr ao Presidente da República que decretasse o estado de emergência.

Marcelo Rebelo de Sousa não esperava outra coisa. Quando, na semana passada, o Presidente corrigiu o Governo sobre a proibição de se circular entre concelhos no Dia de Finados dizendo que (sem estado de emergência) não era proibição, era apenas "recomendação", o PR estava a ser muito claro. Entendia que faltava cobertura jurídica às medidas que o Governo já estava a tomar e que, como estava a transmitir aos partidos, admitia vir a ter que endurecer.