Marcelo Rebelo de Sousa não está tranquilo com a resposta da Saúde durante a pandemia e após ter ouvido a ministra Marta Temido vai chamar a Belém seis ex-governantes do setor.
Na sexta-feira, o Presidente da República recebe Maria de Belém (ex-ministra de Guterres) e Correia de Campos (ex-ministro de José Sócrates). Na segunda-feira, será a vez de Luís Filipe Pereira (que integrou os Governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes) e Ana Jorge (que tutelou a Saúde com José Sócrates). E ainda na próxima semana irão a Belém Paulo Macedo (ex-ministro da Saúde com Pedro Passos Coelho e atual presidente da CGD) e Adalberto Campos Fernandes (que antecedeu Marta Temido à frente da pasta da Saúde no primeiro Governo de António Costa, e que saiu com críticas à falta de investimento no setor).
Em recentes declarações públicas, numa entrevista à TVI e no Expresso da Meia Noite, na SIC, Adalberto Campos Fernandes defendeu a urgência de reforçar a resposta à Saúde no seu todo - "Temos de olhar para a Saúde não Covid" - e de para isso mobilizar todo o Sistema Nacional de Saúde. Outra coisa não têm pedido os bastonários da Ordem dos Médicos que, em manifesto, alertaram para a urgência de definir uma estratégia articulada entre o SNS, os privados e o setor social.
"Porque nos estão a empurrar?" foi a reação da ministra Marta Temido, que não fecha a porta a parcerias com os privados mas insiste que o SNS não esgotou a sua capacidade de resposta. Os que a criticam e acusam de teimosia ideológica contrapõem que os milhares de consultas, exames de diagnóstico e cirurgias adiados provam o contrário e acabarão por ter consequências graves na hora de apurar perdas e ganhos desta pandemia.
Preocupado com a situação e, sobretudo, com a falta de diálogo produtivo entre as partes, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu mobilizar, a partir de Belém, um toque a rebate das várias partes que poderá levar a uma intervenção do próprio Presidente sobre a necessidade de mudanças na resposta a esta crise.
Durante sábado e domingo, Marcelo recebe os sindicatos do setor da Saúde - as carreiras de médicos e enfermeiros e a carência de profissionais é um dos pontos apontados pelos bastonários que alertam que ter mais camas ou mais ventiladores não chega se não houver mais médicos e enfermeiros especializados. E durante o fim de semana também serão recebidos pelo Presidente os responsáveis pelas Instituições do chamado setor social e Misericórdias, para reavaliar a situação nos lares de idosos.
Depois de dar a prioridade à Saúde, Marcelo vira-se para a Economia e também irá receber os parceiros económicos e sociais em Belém, a par de um roteiro de deslocações por hotéis, que continuará a fazer do norte ao sul do país.