Política

António Costa e a covid-19: “Não posso jurar a pés juntos que não serão dados passos dramáticos”

Em entrevista ao jornal “Público”, poucas horas depois de anunciar o estado de calamidade, o primeiro-ministro pede a todos responsabilidade individual para combater uma fase “grave” da pandemia, mas garantiu que o país e o SNS têm “capacidade de resposta”

ANTÓNIO COTRIM

Esta quarta-feira, no dia em que o país ultrapassou os dois mil casos diários de covid-19, e horas depois de decretar o estado de calamidade, o primeiro-ministro justificou assim a decisão: “Senti que era preciso haver um abanão na sociedade”. O executivo quis “enviar um sinal claro” à população pois é “necessário alterar comportamentos”, disse António Costa ao “Público”.

Lembrando que os casos estão a subir de forma “consistente” desde meados de agosto, o primeiro-ministro reflecte sobre a passagem do tempo em contexto pandémico: “O tempo foi passando, as pessoas foram ficando saturadas, foram-se habituando ao risco ou desvalorizando o risco porque a faixa etária [dos contágios] foi mudando”. E por isso o “abanão”, a insistência no “comportamento individual” e o aviso: “não posso jurar a pés juntos que não serão dados passos dramáticos. É uma questão de bom senso. Mas temos de o evitar.”

O líder do Governo garantiu ainda que o SNS “está mais bem preparado para lidar com a doença”, e que o país continua a ter “capacidade de resposta” - o Hospital das Forças Armadas já foi reativado, e está a ser preparado outro hospital de campanha em frente ao Santa Maria, em Lisboa.

Ainda assim, continuam dúvidas sobre duas das oito medidas anunciadas esta quarta-feira: a obrigatoriedade de instalar a aplicação Stay Away Covid, cuja proposta de lei foi enviada para o Parlamento sem conversas prévias com os partidos, garantiu Costa; e o uso de máscara na via pública, cujas circunstâncias não foram explicadas pelo primeiro-ministro ao “Público”, numa indefinição que já motivou uma queixa do CDS.