Política

Rio desvaloriza auditoria e pede “investigação a sério do Ministério Público” às vendas do Novo Banco

O líder social-democrata estranha o facto de a auditoria encomendada pelo Governo dar, ao que tudo indica, mais destaque ao que aconteceu até 2014 do que às operações conduzidas a partir de 2017, quando o Novo Banco foi vendido pelo Governo socialista ao fundo da Lone Star

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Rui Rio já reagiu ao comunicado emitido pelo Ministério das Finanças sobre a auditoria encomendada ao Novo Banco, cujo conteúdo concreto continua a ser confidencial. À margem de uma visita ao Hospital de São João, no Porto, o líder social-democrata desvalorizou o documento e disse estranhar que se fale mais no BES (e no período que culminou com a resolução do banco por decisão do Governo PSD/CDS) do que das vendas do banco ao fundo da Lone Star (por decisão do Governo PS) e do que aconteceu daí em diante.

“As auditorias são como as sondagens: valem o que valem. O que é fundamental é que possa haver uma investigação a sério do Ministério Público. Estranho que se fale mais do BES do que o Novo Banco”, sublinhou o líder social-democrata.

Para Rui Rio, aliás, apesar de ser útil ter mais informação sobre o BES, o mais importante é saber o que aconteceu durante o período de 2017 a 2019 e se as operações conduzidas pelo Novo Banco, que já precisou de injeções de capital na ordem dos 3 mil milhões de euros via Fundo de Resolução, foram ou não corretas.

“Sobre o BES já todos sabemos a desgraça que foi e pagámos a factura que pagámos e inclusive há já uma acusação formulada pelo Ministério Público que agora segue os trâmites normais e irá acabar com um julgamento. O que importa saber é o que aconteceu depois a partir do momento em que o Novo Banco foi vendido e o que aconteceu com todas essas perdas. Se o dinheiro que os contribuentes têm pago para o Novo Banco está correcto ou incorrecto e aquilo que eu suspeito é que o Governo tem pago uma factura que vai muito para lá daquilo que era justo que acontecesse”, afirmou.

De acordo com o comunicado do Ministério das Finanças, a auditoria ao BES e ao Novo Banco revelou perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco

“O relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves de controlo interno no período de atividade até 2014 do Banco Espírito Santo no processo de concessão e acompanhamento do crédito, bem como relativamente ao investimento noutros ativos financeiros e imobiliários”, pode ler-se.

O relatório analisou actos de gestão no Banco Espírito Santo e no Novo Banco, desde 1 de janeiro de 2000 até 31 de dezembro de 2018, e incidiu sobre “283 operações que integram o objecto da auditoria, abrangendo, portanto, quer o período de actividade do Banco Espírito Santo, quer o período de actividade do Novo Banco”.