A palavra de ordem é 'deixem-se de guerras' mas, após dias de silêncio a assistir ao confronto entre o Governo e a Ordem dos Médicos, que parecia ter terminado mas que ontem deu sinais de reacendimento, Marcelo Rebelo de Sousa fez, pela primeira vez, um aviso ao Executivo sobre a situação nos lares. "Aprendemos todos com a lição" e "é preciso uma maior conjugação entre a Segurança Social e a Saúde".
A coordenação entre os dois Ministérios "está a exigir um reforço", disse o Presidente da República no início de uma visita à feira do livro de Lisboa, onde aproveitou para rejeitar "romances" sobre eventuais crises políticas no curto prazo, avisando que não poderão "contar com o Presidente" para dissoluções do Parlamento.
Fiel à postura conciliadora que tem acentuado nos últimos meses já de pré-campanha eleitoral, Marcelo evitou tomar partido na guerra entre Governo e médicos, que monopolizou as atenções nos últimos dias por causa dos lares. "Eu vejo esta questão como disse há dias que a via, ou seja, entendo que devemos estar todos unidos porque a situação exige uma grande convergência de esforços", afirmou, lembrando que todos - Governo, setor social e profissionais de saúde - são necessários a remar para o mesmo lado.
Foi a chance para o Presidente deixar claro que não alinha com críticas aos médicos: "eles são heróis desta saga, eu sempre o disse e sempre o direi". Embora tenha deixado em aberto o apuramento de conclusões sobre o que "correu pior" no lar de Reguengos: "estamos ainda a aguardar conclusões, o Ministério Público está a investigar, o Parlamento vai-se debruçar sobre o assunto, o Governo já disse que desencadeou um inquérito".
Uma conclusão clara para o Presidente da República no que toca aos lares é a de que "não se pode prescindir do setor social porque o Estado não tem como se substituir a ele".
"Aprendemos todos com a lição e há aspetos que não correram tão bem mas tentar-se-ão melhorar", conclui Marcelo. E voltou à carga: "Não se pode dizer que esta seja uma questão que seja só da Segurança Social ou só da Saúde...". Coordenação no Governo, pede o Presidente.