Política

Ministra recusa comentar apoios na cultura e convida jornalistas a beber um “drink”

Graça Fonseca prefere não comentar a existência de uma rede informal de apoio alimentar criada para ajudar centenas de profissionais da cultura em dificuldades e desafiou a comunicação social a juntar-se num momento de descompressão de “fim de tarde”

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

“Só falo de arte contemporânea. Portanto... muito obrigada e vamos beber o drink de fim de tarde.” Foi desta forma que Graça Fonseca, ministra da Cultura, decidiu responder aos jornalistas quando desafiada a fazer um comentário sobre a iniciativa do grupo informal União Audiovisual, que está a apoiar com bens alimentares entre 150 e 160 trabalhadores do sector por semana.

O episódio aconteceu esta segunda-feira, à margem da apresentação das 65 obras de arte contemporânea para a coleção do Estado, que decorreu no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. A pergunta, feita por uma jornalista da SIC, fazia referência à iniciativa de ajuda alimentar conduzida pelo grupo União Audiovisual. A ministra cortou a eito e recusou fazer qualquer tipo de comentário.

No domingo, este grupo organizou um concerto do músico português Paulo Furtado (“The Lengendary Tigerman”), que tinha como objetivo recolher contribuições alimentares para os mais necessitados.

Em declarações à Agência Lusa, Ricardo Queluz, um dos organizadores, falou do drama que atravessam muitos destes profissionais e assumiu que o grupo está a ter dificuldades em responder a todas as solicitações.

“No início tivemos muita gente a ajudar, muitas semanas de grande suporte das pessoas. As pessoas agora começam a ter noção de que o espectáculo não é só o artista e o artista não é só aquela pessoa que aparece na revista ou num jornal. Isto envolve muito trabalho, mais dias de trabalho do que só aquela hora ou hora e meia em que o artista está no palco”, explicou.

À mesma agência Lusa, Ricardo Queluz explicou que a ideia de criar o grupo surgiu em março e que chegou a receber donativos em dinheiro, mas optou depois por aceitar apenas bens alimentares. Entretanto foi criada uma estrutura para fazer as recolhas e as entregas dos cabazes alimentares e o grupo só vai ser encerrado quando a “crise terminar”.