Exclusivo

Política

Esquerda ataca “omissão” sobre trabalhadores e precariedade no plano Costa e Silva

Costa quer nova ‘geringonça’. Ex-parceiros desconfiam e perguntam pelas prioridades e calendário para aplicar plano de recuperação

O chumbo do PCP traz um mau prenúncio para as próximas negociações
Marcos Borga

As juras de amor tardias que António Costa tece agora à ‘geringonça’ são tão públicas e tão repetidas que estão a gerar desconfiança à esquerda. Ontem, no debate do Estado da Nação, António Costa não poderia ter sido mais direto: o contexto que fez com que rejeitasse negociar um acordo de legislatura com o BE mudou e “quem conseguiu que não houvesse maioria absoluta” — leia-se os partidos à esquerda — tem agora a “responsabilidade de assegurar que haja ‘geringonça’, mesmo com o PS mais forte”.

Com uma resposta pouco entusiástica de Catarina Martins: “O nosso horizonte sempre foi a legislatura, mas nunca colocámos o nosso mandato na gaveta.” O que os ex-parceiros veem — e consideram mais significativo do que as promessas do primeiro-ministro — é uma aproximação entre PSD e PS, que ainda esta semana se alinharam para votar o fim dos debates quinzenais. No plano Costa Silva, a história repete-se: se Rio considera que o documento não merece “grande oposição” do PSD, a esquerda distingue-lhe menos qualidades, e o PCP é particularmente duro, garantindo que “a solução para os problemas nacionais não passa por uma política de direita retocada ou maquilhada por meia dúzia de ideias que há muito deveriam estar concretizadas”.