Política

Passos Coelho "travou um poderoso", diz Rui Rio

Líder do PSD defende garantias para que os fundos europeus sejam devidamente investidos, considerando que não será fácil haver um encontro de posições no Conselho. Sobre Passos Coelho e o BES, juntou-se aos elogios.

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

“O que ele fez não foi travar um criminoso, mas um poderoso, talvez o maior poderoso do país", disse esta sexta-feira Rui Rio, juntando-se assim aos muitos sociais-democratas que nos últimos dias elogiaram Passos Coelho por, enquanto primeiro-ministro, ter recusado mais um empréstimo ao BES. “Muitos nem terão entendido bem a dimensão do que o ex-primeiro-ministro fez”, disse ainda Rui Rio que, no entanto, lembrou que Salgado ainda não foi condenado.

Mas esta manhã, em Vila Real, o tema do dia seria outro. O presidente do PSD defendeu que as verbas da União Europeia devem ser disponibilizadas “rapidamente”, mas com regras “apertadas” que deem uma garantia de que os países as utilizam devidamente. Questionado sobre o conselho europeu que está a decorrer em Bruxelas, o líder social-democrata considerou que “não é fácil haver um encontro de posições, designadamente por maior pressão da parte holandesa, mas não só”.

“Aquilo que me parece um encontro de posições possível, mas que é sensato, é efetivamente haver as verbas que estão pensadas e para disponibilizar para os estados membros e depois, naturalmente, os estado membros aceitarem todos regras relativamente apertadas de utilização desses fundos”, afirmou Rui Rio, que falava em Vila Real à margem de uma conferência promovida pela associação Youth Academy.

O presidente do PSD disse compreender que “se não houver regras ou se as regras forem muito largas” aqueles “que tem na sua génese um maior rigor possam ser tentados a vetar”. “Eu acho que o ponto de encontro tem de ser aqui, o dinheiro sim, é absolutamente necessário, mas todos temos que aceitar que tem de ser com regras apertadas”, frisou.

Esta manhã, em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, reiterou desejo num “acordo rápido” em torno da proposta de relançamento da economia europeia, fazendo votos para que o Conselho não perca tempo, até porque a proposta sobre a mesa é “excelente”. Rui Rio disse concordar que “tem que ser muito rápido”, até porque “depois vem uma carga burocrática em cima que até chegar às diversas economias vai demorar muito tempo, portanto, tem que ser rápido”.

“Não é fácil, devido ao desencontro de posições que há. Eu penso que o equilíbrio está em disponibilizar as verbas e verbas avultadas, mas com regras que deem uma garantia de que os países utilizam devidamente as verbas”, frisou.

“Devo dizer que essa é a minha opinião, ou seja, eu estou do lado dos que querem mesmo regras porque a última coisa que eu gostaria era de ver Portugal receber o dinheiro e depois esse dinheiro não ter o efeito multiplicador sobre a nossa economia e sobre o nosso futuro que é justo que tenha”.

Durante a cimeira, os 27 vão tentar chegar a um compromisso em torno do orçamento da UE para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação para ultrapassar a crise socioeconómica provocada pela pandemia. A mais recente proposta de Charles Michel contempla um quadro financeiro plurianual no montante global de 1,07 biliões de euros e um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões, com 500 mil milhões a serem desembolsados a fundo perdido, tal como propôs o executivo comunitário.