Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS e até há pouco tempo secretária-geral adjunta do partido, recusa a tese de que Mário Centeno tenha abandonando o barco num período particularmente difícil da vida do país. Em entrevista à Antena 1, a socialista foi taxativa: "Ficaria chocada se Mário Centeno tivesse fugido. Não é o caso. João Leão vem da equipa de Mário Centeno e já demonstrou que está a altura do cargo. Não te sinto que haja uma quebra da estratégia orçamental. Há uma continuidade e reforço com este ministro. Não acho que devamos olhar para a saída de Mário Centeno como quebra de solidariedade. Deixou o país preparado e deixa na equipa uma pessoa absolutamente preparada", defende.
Sobre a ida de Mário Centeno para Banco de Portugal, um dado cada vez mais adquirido, Ana Catarina Mendes não tem dúvidas: "Quem é a pessoa mais preparada? Mário Centeno tem todas as condições. O Banco de Portugal não é uma instituição qualquer, é uma instituição onde se joga também a credibilidade do país", nota.
Uma posição que o PS assume mesmo contra a opinião de todos os partidos. Desafiada a refletir sobre o facto de António Costa se preparar para nomear um governador contra a vontade parlamentar (só o PCP não manifestou reservas em relação à transferência direta), a líder parlamentar do PS resolveu a questão assim: "É uma opinião. É a democracia a funcionar. Mas compete ao Governo nomear [o governador do Banco de Portugal."
Já sobre João Leão, a quem não poupou elogios, Ana Catarina Mendes subscreve as palavras do novo ministro das Finanças, que na terça-feira garantiu que "nesta fase" não está nos planos do Governo aumentar impostos. Mas..."Em fevereiro deste ano ninguém imaginava que íamos ser confrontados com uma pandemia desta natureza. Os riscos são os inerentes. Aquilo que o novo ministro das Finanças disse, e tem dito, é que a sua perspetiva é de continuação daquilo que iniciámos há cinco anos. Espero que não haja aumento de impostos", respondeu.
Na mesma entrevista à Antena 1, a socialista mostrou-se ainda confiante de que o Orçamento Suplementar vai ser aprovado "sem sobressaltos" e fez mais uma jura de amor à 'geringonça'. "Escolhemos uma estratégia há 5 anos com os parceiros à esquerda. A nossa preferência é com os parceiros com quem na anterior legislatura trabalhámos e a nossa estratégia é de esquerda", rematou.