Política

Deputados vão pedir para ver contrato de venda do Novo Banco. Pedido do BE aprovado por unanimidade

Bloco pediu para acabar com "opacidade" nas condições de venda do banco. Todos os deputados estiveram de acordo. Mas isto não significa que o documento seja entregue

Tiago Miranda

O requerimento do Bloco de Esquerda para aceder ao contrato de venda do Novo Banco foi aprovado por unanimidade. Na Comissão de Orçamento e Finanças, todos os deputados concordaram que o Parlamento deve ter conhecimento sobre as condições em que o banco foi vendido aos americanos do fundo Lone Star.

Como o Expresso noticiou, o BE tinha apresentado o documento na última sexta-feira, argumentando que "o segredo [à volta do documento] só acrescenta opacidade" e que era necessário "haver uma análise ao contrato”, como justificava a deputada Mariana Mortágua.

A notícia surgiu numa altura em que se multiplicam as polémicas sobre a gestão da instituição bancária, assim como as injeções de capital que continuam a ser feitas pelo Estado, através do Fundo de Resolução. Na sexta-feira, o “Jornal de Negócios” noticiava que afinal o contrato pode ser denunciado caso se comprove que houve má gestão, travando assim as transferências de dinheiro.

Isto apesar de na recente crise Costa-Centeno-Novo Banco o ministro das Finanças ter garantido que a última injeção, de 850 milhões de euros, tinha mesmo de ser feita sem que a auditoria à gestão do banco prometida pelo primeiro-ministro estivesse pronta, de forma a não incumprir as condições contratuais. No comunicado com que Costa encerrou a ameaça de crise política subscrevia aliás os argumentos de Centeno.

Como o Expresso escreveu, em termos de documentação existente sobre a venda do banco há dois documentos públicos e outro que tem dados confidenciais, mas também há outros de que nada se sabe efetivamente. Estão nos segredos das autoridades.

Para mais, apesar de o Parlamento ter agora tomado a decisão de pedir o contrato por unanimidade, isto não significa que o documento seja entregue aos deputados. Apesar das novas regras da transparência da banca, só as comissões de inquérito - que, em vários âmbitos, têm poderes equiparáveis aos de um tribunal - podem exigir a entrega de documentação. A isto acresce que o Fundo de Resolução funciona junto do Banco de Portugal, que até hoje se recusou a entregar ao Parlamento o relatório de avaliação ao regulador na resolução do BES.