Política

Chega. Líder do Porto demite-se por retirada de confiança política

Convidado por André Ventura para presidir à Distrital do Porto, Jorge Pires apresentou a demissão após moção de censura da Comissão Política local. Vice José Lourenço critica inércia e gestão autocrática do líder ainda em funções

Dois meses depois de ter sido eleito presidente do Chega no Porto, Jorge Pires optou por sair de cena, agastado com “a sede de palco” de alguns militantes, numa altura em que o partido “está a crescer”. O presidente da Associação Pediátrica Oncológica do Hospital de São João já comunicou demissão a André Ventura, com quem, assegura, continua a “identificar-se nas ideias e na prática política” e que considera “um grande líder”. Sem citar nomes - “a chicana política política não me interessa”, - Jorge Pires afirma “não se rever nas ideias nem na forma de fazer política” da maioria da Comissão Política do Chega a nível distrital. Para já, vai manter a filiação no Chega, por acreditar e confiar no projeto de Ventura.

“Sou uma homem de causas, não sou político, não estou agarrado ao cargo nem nunca pretendi utilizar o partido para me promover”, afirma ao Expresso, recordando que foi “pessoalmente convidado por André Ventura” por ser conhecido pelo seu empenho na intervenção cívica, ser de direita, conservador, sem qualquer filiação política até ao início deste ano. Em gestão corrente até novas eleições - ainda sem data devido ao estado de emergência nacional - Jorge Pires diz ter deixado de se “rever no rumo que a Distrital está a seguir” na escolha de alguns dirigentes locais.

A moção de censura, aprovada por maioria, em reunião da Distrital no passado dia 23 de março, surgiu um mês depois da votação de uma moção de confiança a Jorge Pires, que já comunicou a demissão a André Ventura. Ao Expresso, o vice-presidente da Comissão Política do Porto assume que será candidato a líder, vontade já transmitida à direção nacional.

Questionado se tem a confiança do líder do Chega para avançar, José Lourenço opta por citar os estatutos e a autonomia das estruturas locais. O vice do Chega no Porto e conselheiro do Cônsul Honorário de Portugal na Florida e empresário Caeser DePaço garante que irá avançar a pedido “de muitos militantes da Distrital”, apesar de estar frequentemente fora do país, entre os EUA e o Brasil.

Na base da moção de censura a Jorge Pires esteve, segundo o anunciado candidato a sucessor, "inexperiência política" de Jorge Pires. “É boa pessoa, mas politicamente e juridicamente é uma nulidade”, diz, sublinhando que os membros da direção local "cansaram-se da sua omissão e visão política".

“O partido precisa de ação e não de inércia num partido que está a crescer. O comandante de um batalhão tem de ser reconhecido pelas suas tropas e não de alguém autocrático ou que dá sinais de um certo autismo seletivo na organização das estruturas de base”, adverte José Lourenço