Sem querer "alimentar folhetins que só interessam àqueles que os desenham", Mário Centeno sinalizou esta segunda-feira, após uma reunião com o Presidente da República no Palácio de Belém, que a sua saída de cena não estará em causa.
"Tenho responsabilidades" e "estou totalmente focado nas exigências do cargo que ocupo", afirmou o ministro das Finanças, após uma audiência de uma hora com Marcelo Rebelo de Sousa, onde, como o Expresso noticiou, além da análise da situação económico-financeira nacional e internacional, Marcelo queria sensibilizá-lo para a impossibilidade de, neste novo contexto, o país o ver sair antes do verão, como insistentemente foi antecipado e nunca desmentido.
"Assumi um cargo em que estou totalmente focado" e "nunca ninguém me viu enjeitar responsabilidades", insistiu o ministro, que anunciou já ter o Orçamento de Estado promulgado pelo Chefe de Estado. Um Orçamento que, reconheceu, será "o mais desafiante" do seu consulado.
"Este ano é um desafio. Esta execução orçamental é seguramente a mais desafiante de todas as execuções", afirmou Mário Centeno, que admitiu um Orçamento Retificativo mas não necessário,para já. O ministro explicou porquê: porque este OE, que entra em vigor em abril, "tem normas que permitem acomodar" medidas que estão a ser tomadas para fazer frente à epidemia.
Como Presidente do Eurogrupo, Centeno garantiu que "a resposta europeia vai ser solidária e não vai ter limites". Esta semana, sublinhou serão transpostas para Portugal as decisões do BCE.
Se as recomendações sanitárias forem cumpridas, e se se conseguir conter a crise na Saúde, o ministro admite que "a partir do terceiro trimestre" se comece a retomar a normalidade.
Quanto ao papel da banca na respostas à crise, Centeno afirmou que as medidas que já se conhecem,nomeadamente em termos de moratórias, "ganharão corpo ao longo desta semana".
Na nota que publicou no seu site oficial, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu ao ministro das Finanças" sua manifestação de total enfoque no enfrentar da situação". Recorde-se que a saída do ministro tem sido noticiada ao longo dos últimos meses relacionada com a sua previsível ida para Governador do Banco de Portugal.
Ao Expresso, o Presidente da República játinha dado um primeiro sinal de estar contra a saída do ministro quando, há cerca de dois meses afirmou que "Centeno tem sido decisivo". Agora, o problema estará ultrapassado, pelo menos até o rombo económico da pandemia viver a sua maior curva.