"És uma fraude. És preta. Não serves para nada, mesmo morta.” A mensagem surge no telemóvel de Joacine Katar Moreira com um aviso sonoro e a deputada do Livre mostra-a. É uma, mas há mais. Muitas mais, com ameaças mais ou menos veladas, outras de puro racismo, de ódio e de desprezo. Desde que foi eleita para o Parlamento que se habituou a lidar com estas “ondas de ódio”, que lhe invadem também as redes sociais e para as quais, confessa, “não estava preparada”. Mas não mostra medo nem sinais de desistir. “Aguento tudo”, diz ao Expresso.
A vida foi-lhe sempre difícil e agora que aceitou começar a desfiá-la a pedido de muitos jornalistas, torna-se óbvio que há muito se preparou para pisar terrenos minados. “Até o meu pai me diz: ‘Quem ouve as tuas entrevistas, acha que tiveste uma vida horrível.’ E eu digo: mas era horrível, pai. Era mesmo.”