Meses depois da polémica sobre a “bosta da bófia” que o levou às páginas dos jornais, Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo e ex-assessor do Bloco de Esquerda, decidiu cortar a ligação ao seu partido. A decisão é anunciada pelo próprio num comunicado em que fala de uma “profunda divergência” com o partido liderado por Catarina Martins, e do qual faz parte desde a fundação.
Os ânimos esfriaram no início do ano, quando se deram os confrontos no Bairro na Jamaica, no Seixal, e Mamadou Ba se referiu à polícia como “a bosta da bófia” num texto publicado na sua conta de Facebook. E é o próprio que agora reconhece que a decisão de se desligar do partido foi tomada “em janeiro deste ano, no rescaldo dos acontecimentos do bairro Jamaica”.
Mas vai mais longe. “A minha desvinculação resulta de uma profunda divergência, pois o que renego não é o projeto que deu origem ao Bloco, mas o que o partido se tornou ao longo do tempo”, ataca, no mesmo comunicado.
Por isso, o dirigente antirracista coloca assim um ponto final numa ligação que, como recorda, tinha vinte anos - estava no Bloco desde a fundação do partido, em 1999 -, durante os quais chegou a ser membro da Mesa Nacional, da Comissão de Direitos e da coordenação da concelhia de Lisboa.
Quando a polémica sobre as suas afirmações a propósito da atuação policial rebentou, em janeiro, Mamadou Ba trabalhava como assessor no Bloco de Esquerda, cargo que ocupou durante a passada legislatura. Debaixo de uma chuva de críticas, chegou a queixar-se de ter sido alvo de ameaças, apontando para um “aproveitamento da extrema-direita” do tema.