Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o 8.º Congresso dos Economistas, fórum onde tradicionalmente faz discursos marcantes e críticos sobre a política económica do Governo, para apontar um caderno de encargos aos eleitores e ao próximo Governo.
Em período eleitoral, o Presidente da República escolheu não comentar as políticas do Executivo - reconheceu apenas que o estado da Nação é "mais lisonjeiro do que era esperado" - mas avisou que considera "vitais" os primeiros dois anos da próxima legislatura, que espera "de governação estável" e que não se limite "a gerir à vista da costa com acordos pontuais", para se começar a resolver "questões pendentes".
O ano de 2021 - quando Portugal assumirá a presidência da União Europeia - foi mencionado por Marcelo como uma baliza temporal decisiva para os anos que virão a seguir. E a escolha que o Presidente colocou na agenda do Governo é simples: ou querem encarar a presidência da UE com "volúpia" como "já aconteceu" - "Porreiro, pá!" dizia José Sócrates, ex-primeiro-ministro, a Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia - na última presidência portuguesa. Ou escolhem "tornar a presidência portuguesa uma oportunidade".
Para quê? Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, para se chegar a 2021 com uma ativa agenda reformista capaz de resolver "as questões pendentes". O Presidente insiste não ter dúvidas: há questões adiadas em "matérias de consenso inevitável", seja a saúde e a segurança social, as exportações, a descentralização do país ou as questões ambientais.
Sem falar de partidos, o PR deixou a referência indireta ao eleitorado para que "pense bem" que papel quer reservar para o maior partido da oposição, num xadrês que Marcelo espera ver “manter o essencial do sistema partidário”, para que este “possa reformar-se sem rupturas mais ou menos drásticas”.