Política

Assunção elogia Adolfo: “orgulho-me muito de tê-lo como vice-presidente”

Depois da entrevista em que Mesquita Nunes falou da sua homossexualidade, Cristas reitera “admiração e respeito” pelo dirigente do CDS

alberto frias

“Tenho pelo Adolfo uma grande admiração e respeito. É um dos mais notáveis pensadores da política em Portugal e orgulho-me muito de tê-lo como vice-presidente.” A declaração de Assunção Cristas ao Expresso surge depois da entrevista de vida em que Adolfo Mesquita Nunes falou sobre ser homossexual e da forma como esse facto foi usado na campanha eleitoral na Covilhã, no ano passado, para tentar atingi-lo.

Na entrevista publicada este sábado na revista do Expresso, o vice-presidente do CDS revelou que um dos seus cartazes de campanha na Covilhã - onde foi candidato à câmara municipal - surgiu grafitado com a inscrição “gay”, mas, ao contrário do que fazia com outros cartazes vandalizados, neste caso Mesquita Nunes não deixou que esse fosse substituído. “Pedi que não o substituíssem, não era mentira”, contou o dirigente centrista numa entrevista em que fala da sua vida, desde os tempos em que cresceu na Covilhã até à sua carreira como político que se assume como “liberal de direita”.

A forma como Mesquita Nunes falou da sua orientação sexual - tendo sido o primeiro dirigente de topo de um partido político a fazê-lo publicamente em Portugal - foi muito comentada ao longo do dia nas redes sociais,mais à esquerda do que à direita. Uma das questões levantadas foi sobre como reagiria a este facto o CDS, o partido mais conservador do espectro político português. No que toca a Assunção Cristas, é só elogios.

“Conta com o meu apoio”

“Sabia que o Adolfo daria a entrevista, como soube dos ataques pessoais de que foi alvo na campanha na Covilhã. O Adolfo sempre contou e conta com o meu apoio”, diz a líder do CDS em declarações ao Expresso.

Na opinião de Cristas, o seu vice-presidente “demonstrou, nesta entrevista de vida, coragem e retitude. O país fica a dever-lhe muito."

Adolfo Mesquita Nunes é um dos vice-presidentes do CDS desde que Assunção Cristas chegou à liderança, em 2016. Daqui a um mês o partido volta a reunir-se em congresso, em Lamego.

“Bravo, Adolfo!”

Ao longo do dia de sábado foram muitos os comentários à entrevista do “vice” centrista. Entre as reações de protagonistas políticos, destacou-se a de Graça Fonseca, secretária de Estado da Modernização Administrativa, que no ano passado assumiu a sua homossexualidade em entrevista ao DN.

“Que importa primeiros ou segundos, se são atuais ou ex do governo. Importante é existirem pessoas que contribuam para ‘normalizar’ o que muitos consideram ‘anormalidade’. Do médico mais prestigiado ao anónimo das caixas de comentários dos jornais online. Por isso, bravo Adolfo!”, escreveu a governante do PS.

“Excelente entrevista”

Também o comissário europeu Carlos Moedas elogiou no Twitter a atitude de Mesquita Nunes, a quem se referiu como “um dos melhores políticos da sua geração”. “Excelente entrevista de Adolfo Mesquita Nunes no Expresso”, escreveu Moedas, deixando o link para a notícia. O comissário europeu, que em agosto elogiou também a atitude de Graça Fonseca, sublinhou a “frontalidade, talento e honestidade” de Mesquita Nunes, que considerou “um bom amigo e um grande político”.

Moedas foi dos raros rostos do PSD a reagir à entrevista do dirigente do CDS. Já do BE, pelo contrário, não faltaram palavras de louvor ao “vice” centrista. O líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, o deputado Luís Monteiro e ainda Fabian Figueiredo, dirigente bloquista e candidato em 2017 à câmara de Loures, elogiaram Mesquita Nunes no Twitter, ainda que reafirmando as divergências políticas que os separam.

ILGA também congratula

Também a associação ILGA, ativista dos direitos LGBTI, elogiou na mesma rede social o ato do dirigente do partido de direita. “Congratulamos Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente do CDS, que se juntou à lista de figuras públicas que apontam o caminho da igualdade, alertando para a importância do ativismo e a necessidade de combater a violência contra pessoas LGBTI”.