"A regionalização não teria evitado nem Pedrógão nem Oliveira do Hospital", afirma Luís Valente de Oliveira em entrevista ao "Jornal de Notícias" neste domingo. Mas, se para o ex-ministro de pastas como o Planeamento e a Administração do Território, Obras Públicas, Transportes e Habitação e a Educação, a descentralização não teria evitado as tragédias, pelo menos "teriam tido mais agentes preocupados com os problemas de desenvolvimento".
Aos 80 anos, académico e um dos políticos que mais cargos governativos terá ocupado, elogia o desempenho do primeiro-ministro perante as crises associadas aos incêndios deste ano. "Mostrou coragem e determinação. Imagino que tenha ficado surpreendido com lacunas de funcionamento de muitos órgãos", refere Valente de Oliveira, afirmando ainda que António Costa é "tranquilizador, uma pessoa pacificadora, serena, o que é importante nestas coisas". E, embora não dê nomes aos visados, diz também que "houve muitos responsáveis pelo caminho que não estiveram à altura das suas responsabilidades". A entrevista não aborda, contudo, a opinião do ex-ministro sobre a atuação do Presidente da República face aos mesmos episódios.
Questionado sobre os dois anos do atual Governo, Valente de Oliveira sublinha a falta de estabilidade da solução encontrada: "Esta não é uma solução estável. A estabilidade é um bem precioso e devemos caminhar nesse sentido." Assume ainda que a coligação entre o PS, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português, abriu a porta a corporativismos, com destaque, afirma, para o setor da Educação.
Quanto ao PSD, recusa-se a comentar, dizendo apenas que custou a sua desfiliação e que que "enquanto não houver uma outra solução, está fora de causa" o seu regresso ao partido.