O líder do grupo parlamentar do PSD explicou a razão do lema "Recuperar a Confiança" das jornadas do PSD, que hoje e amanhã decorrem na sua terra natal, e que não é o que parece à primeira vista: o mantra não se refere à recuperação da confiança dos eleitores no partido após o desastre autárquico, mas a recuperação dos cidadãos no Estado e no Governo, "que falharam grosseiramente onde nunca tinham falhado".
Com os incêndios como pano de fundo, Hugo Soares diz que cabe ao PSD recuperar ainda a confiança perdida dos portugueses em áreas como a saúde, sector marcado por greves dos médicos e enfermeiros, listas de espera e falha nos medicamentos, apesar "do crescendo despesismo" no Orçamento de Estado por efeito de um Governo apoiado pelo PCP e BE.
"Tudo o que o Governo apresentou ao país foi de um eleitoralismo primário em relação ao Orçamento de Estado. Agora apresentou o que quis esconder: aumento de impostos, invenção de novos impostos e aumento brutal de impostos para os trabalhadores independentes, a recibo verde", avança o deputado laranja, concluindo que se assiste a um ataque brutal à classe média.
Por isso, o grupo parlamentar do PSD assumiu, esta segunda-feira, o compromisso de manter como está a carga fiscal, mas lembra que para o conseguir precisa de uma maioria absoluta e do apoio do PCP e BE: "Espero que Catarina Martins e Jerónimo de Sousa sejam coerentes e assumam sem rebuços votar a nossa proposta", adverte Hugo Soares, que diz ser tempo de o PCP e o Bloco pararem de fingir que combatem o Governo ao fim de semana e no final aprovem o orçamento de uma geringonça a três.
"É um OE semelhante a uma construção Lego que, para satisfazer os nichos eleitorais de três partidos, é infeliz, incoerente ao seguir três estratégias, que vai da esquerda radical à extrema esquerda do PS", acrescenta Soares, que conclui que o OE em curso não serve os portugueses, mas para António Costa se manter no poder como primeiro-ministro.
Hugo Soares antecipou ainda o tema das jornadas, amanhã, o "Portugal Esquecido", que serão encerradas pelo líder demissionário do partido Pedro Passos Coelho. "O pais já percebeu que não pode contar com este Governo nas horas difíceis e que lida mal com as críticas, que quando não lhe agradam acusa-nos de oportunismo político", sustenta o líder parlamentar laranja, que terminou a sua intervenção a comparar a entrevista de António Costa à TVI, ontem, às dos tempos de Sócrates. "Quando aceitou a intervenção financeira estava mais preocupado em saber se ficava melhor a olhar para a direita ou para esquerda. Ontem, o primeiro-ministro estava mais preocupado em saber se ficava melhor na fotografia tendo no lado esquerdo um extintor ou um capacete do lado direito", criticou.
As linhas gerais do OE estão a ser analisas esta terde por Joaquim Sarmento, professor auxiliar no ISEG, e o economista Pedro Braz Teixeira.