Luís Marques Mendes considera que nesta semana poderão estar “em preparação medidas muito aborrecidas” no âmbito das negociações do Governo com a Comissão Europeia sobre o Orçamento do Estado. “Vamos ter provavelmente aumento de impostos”, afirmou este domingo, durante o seu habitual comentário na SIC.
“Julgo que não há margem pela redução da despesa do Estado”, defendeu o comentador, sublinhando que de qualquer forma isso não chegaria para compensar o agravamento do défice estrutural que resulta das medidas apresentadas no esboço do Orçamento do Estado.
Sublinhando que a Comissão Europeia pediu uma compensação pelo acréscimo de despesa que essas medidas representam, Marques Mendes não tem dúvidas: “Vamos ter provavelmente um aumento de impostos”.
Em causa está, na sua opinião, “um tema muito sério” e o comentador destaca o facto de um esboço de um OE “nunca ter sido tão criticado”. O problema, diz Marques Mendes, é que o Governo de António Costa teve de ceder em medidas como a reposição dos salários da função pública para conseguir ter o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista e agora “é natural” que os dois partidos insistam nessa posição.
Contudo, defende que “do ponto de vista político, o PCP e o Bloco de Esquerda vão torcer-se para engolir o aumento de impostos e exigências de Bruxelas”.
Sobre o facto de afinal não haver devolução da sobretaxa de IRS, Marques Mendes considera que o Governo anterior “alimentou a expectativa”, tendo até falado numa devolução de 35%.
“Esta forma de fazer política é lamentável e vergonhosa. O governo PSD e CDS, que fez coisas positivas, deve sentir-se envergonhado”, acrescenta. “É desta forma que as pessoas descreem da política e que os políticos perdem a confiança dos cidadãos.”
Ainda sobre o Orçamento do Estado, e caso o PS precise do apoio do PSD, Marques Mendes considera “impossível o PSD viabilizar este orçamento porque é tudo ao contrário da solução gradual” proposta por Passos Coelho. “Isto é tudo menos gradual.”
“António Costa disse que com este governo se ia mudar a página: mais economia, menos finanças; menos austeridade, mais crescimento”, afirmou o comentador, fazendo referência à ausência do ministro da Economia em todo este processo e questionando se Costa irá mesmo conseguir cumprir esse plano.