Tudo começou em 2010, no Festival Fringe, em Edimburgo. O comediante Alex Horne construiu um espetáculo em que desafiava amigos comediantes a resolver tarefas absurdas. O potencial televisivo estava à vista e em 2015 estreou na televisão como “Taskmaster”. Alex Horne assumiu o papel de assistente e Greg Davies o de Taskmaster.
Em março de 2022, com Vasco Palmeirim e Nuno Markl à frente do formato, estreou na RTP. Se a versão portuguesa já está na quarta temporada, a britânica estreia ainda em março a décima sétima. Mas não foi só Portugal que ficou contagiado pelo fenómeno. Há versões bem sucedidas por todo o mundo. Chegou até aos Estados Unidos, mas aí, surpreendentemente, sem sucesso.
Como é que o Taskmaster se tornou um sucesso em Portugal? Que essência tem o Taskmaster que derruba as barreiras da linguagem? E que fascínio é este por melancias e patinhos de borracha?
No Taskmaster português existe um convidado rotativo. Penso que não acontece em mais nenhuma versão. Como é que isto surgiu?
Nuno Markl: Acho que é exclusivo. Foi mais uma coisa que teve de ser submetida à Avalon [produtora do Taskmaster britânico] e eles aceitaram logo. Nem sei bem como é que surgiu, já nem sei de quem partiu essa ideia.
Vasco Palmeirim: Também não sei, mas tem corrido bem.
Nuno Markl: Dá uma certa frescura e variedade.
Vasco Palmeirim: Até porque se não houvesse isso não havia Cândido Costa.
Nuno Markl: Nós escolhemos pessoas que sabemos que são muito engraçadas. O Toy não é um comediante, mas há ali uma alma de comédia dentro dele. Ele sabe exatamente o que funciona. O Cândido é um milagre.
É das melhores pessoas a contar histórias engraçadas em Portugal.
Nuno Markl: Eu digo ao Cândido: "Mas onde é que tu aprendeste isso?" Tem timings de comédia que muitas pessoas estudam.
Vasco Palmeirim: Isso é o que eu mais valorizo no Cândido Costa. Tem muita graça, mas acima de tudo sabe fazer comédia. No episódio dois desta temporada, há uma prova em que ele tem de dar leite e pão ao Markl. É das coisas mais hilariantes que vi na vida. O Cândido desde o programa em que foi convidado percebe que tem de fazer comédia. Ele já me disse: “Estou-me nas tintas para se ganho ou não, quero é divertir-me e fazer divertir as pessoas”
Nuno Markl: E é muito natural nele, não é sequer forçado. Ele tem noções de timing incríveis. Temos conversas às vezes nas provas em que ele sugere, antes de gravarmos: "Se calhar aqui devíamos criar mais tensão. Vou puxar mais por ti" E penso que estou a falar com um comediante. Eu deveria estar a dizer estas coisas ao Cândido, se calhar. Ele tem isso nele, é muito especial isso acontecer. Ele podia ser um ator de comédia.
Vasco Palmeirim: E há mais uma coisa no Cândido - a verborreia. É inacreditável. Sem guião, chega, fala e tem graça. Tem sempre graça. Perdeu-se um jogador de futebol, mas ganhámos um tipo inacreditável na comédia. Ainda bem que está connosco.
Recebi testemunhos de que o Taskmaster consegue pôr toda a família a ver o programa.
Nuno Markl: É verdade. Aconteceu uma coisa no Carnaval, que foi um miúdo vestido de mim no Taskmaster. Foi a máscara que levou para a escola. Fatinho preto, uma prancha, um apito e uns óculos. Foi de Markl para a escola. Mas há fãs de todas as idades. É um programa tão incrivelmente transversal que é fascinante ver isso.
Porque é que acham que o programa consegue chegar às famílias, dos pequenos aos mais velhos?
Vasco Palmeirim: Porque o programa não dá muito que pensar ao ver. É tão acessível a toda a gente, que toda a gente se ri. Dou-te o exemplo, acordo ao domingo com o meu filho mais velho a puxar para trás e a rir às gargalhadas na sala com o Taskmaster. O programa é muito acessível. É das coisas que nós adoramos: os miúdos gostam, os mais velhos também.
Nuno Markl: A minha teoria é que os miúdos adoram isto porque estão a ver adultos a comportar-se como crianças e a pensar: "Eles estão a fazer coisas que nós faríamos" E acho que os adultos adoram ver adultos a comportar-se como gostariam de se poder comportar. Torna aquilo uma experiência muito completa para todos os públicos.
Gustavo Carvalho entrevista pessoas para quem a comédia é paixão e profissão. Oiça aqui mais episódios: