A Beleza das Pequenas Coisas

Diogo Infante: “Foi o meu filho que me inspirou a partilhar publicamente o meu casamento e a sua adoção”

É um dos nomes mais relevantes do teatro, do cinema e da televisão. E regressa dia 26 de novembro aos palcos, no Teatro da Trindade, em Lisboa, para protagonizar Ricardo III, de William Shakespeare. “Este nosso Ricardo III é quase um psicopata sanguinário. Um homem manipulador, feio, torto, que provoca asco. Vão ter uma surpresa ao vê-lo.” Sobre o momento difícil que os artistas e profissionais das artes atravessam, o ator e encenador considera que “nunca antes as fragilidades da Cultura estiveram tão expostas, tão em carne viva”, mas não atribui culpas a Graça Fonseca. “A ministra da Cultura está empenhada, mas provavelmente de mãos atadas a negociar com outros ministérios e a conquistar um espaço que lhe é difícil.” Quanto aos desafios da paternidade, revela que o filho Filipe, agora com 17 anos, é um amigo atento que o ajuda a ser melhor pai e melhor pessoa. “Saiu-me a sorte grande. É absolutamente adorável quando ele olha para mim e diz ‘tem cuidado’ ou ‘se calhar estás a fazer isto demais’. É um ser que me ama, que se preocupa, que está atento. E isso é verdadeiramente transformador e responsabilizador”

Há mais de um ano que a personagem sanguinária Ricardo III, de William Shakespeare, anda na cabeça de Diogo Infante. A peça já esteve para ser apresentada em abril, mas a pandemia levou a que fosse adiada e obrigou a algumas mudanças no elenco. E foi numa curta pausa de ensaios, que o ator e encenador Diogo Infante teve esta conversa no estúdio de podcasts do Expresso. Logo à chegada, o ator confessou os nervos e a ansiedade que está a sentir. Mas também a alegria de finalmente estrear esta peça que conta com encenação de Marco Medeiros, e que estará em cena no Teatro da Trindade, de 26 de novembro a 31 de janeiro (de quarta a sábado, às 20h30; domingo às 16h30).

O ator promete que esta versão de um dos maiores clássicos de Shakespeare, a combinar fascínio e horror, vai surpreender e agitar o público. “O teatro é de facto um espaço de provocação, de revolta, de alerta. Raramente é de apaziguamento. E é sempre um lugar de crescimento, onde posso evoluir enquanto artista, e onde me posso encontrar com os outros. E essa é a grande questão que estamos a viver. A dificuldade de estarmos fisicamente no mesmo espaço. E de partilharmos uma emoção, uma sensação, uma vibração que nos mude, que nos transforme. Que ao irmos para casa sintamos que estamos perturbados, incomodados, que temos dificuldade em dormir. E é isso que eu mais gosto de provocar nas pessoas: reações.”

Sobre o grito que os profissionais das artes e espetáculos têm feito soar pelas enormes dificuldades que tantos enfrentam, Diogo Infante chega a considerar: “Não é o melhor momento para reclamar todas as necessidades que o setor cultural padece. Mas é a altura para dar voz à sua fragilidade gritante. O ministério da Cultura tem feito um esforço para colmatar lacunas estruturais e profundas no meio artístico. Mas são manifestamente insuficientes.”

Nesta conversa em podcast, o ator e encenador recorda o que o levou aos palcos, alguns momentos importantes do seu percurso e aquele que considera um momento "transformador" na sua vida, a adopção do seu filho Filipe, de 17 anos. “Saiu-me a sorte grande. A paternidade tem sido um processo de aprendizagem e de autoconhecimento.”

E ainda revela um pouco do texto do seu Ricardo III e as músicas que o acompanham. Mas há muito mais para escutar neste episódio do podcast "A Beleza das Pequenas Coisas". Mais uma vez, a edição áudio é do José Cedovim Pinto. A fotografia é do Nuno Botelho e o genérico é uma criação original do músico Luís Severo.

Mantemos o desafio a todos/as os/as ouvintes para que enviem as suas opiniões, sugestões, histórias e comentários para o seguinte email: abelezadaspequenascoisas@impresa.pt.

Boas escutas e boas conversas.

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