Há mais de um ano que a personagem sanguinária Ricardo III, de William Shakespeare, anda na cabeça de Diogo Infante. A peça já esteve para ser apresentada em abril, mas a pandemia levou a que fosse adiada e obrigou a algumas mudanças no elenco. E foi numa curta pausa de ensaios, que o ator e encenador Diogo Infante teve esta conversa no estúdio de podcasts do Expresso. Logo à chegada, o ator confessou os nervos e a ansiedade que está a sentir. Mas também a alegria de finalmente estrear esta peça que conta com encenação de Marco Medeiros, e que estará em cena no Teatro da Trindade, de 26 de novembro a 31 de janeiro (de quarta a sábado, às 20h30; domingo às 16h30).
O ator promete que esta versão de um dos maiores clássicos de Shakespeare, a combinar fascínio e horror, vai surpreender e agitar o público. “O teatro é de facto um espaço de provocação, de revolta, de alerta. Raramente é de apaziguamento. E é sempre um lugar de crescimento, onde posso evoluir enquanto artista, e onde me posso encontrar com os outros. E essa é a grande questão que estamos a viver. A dificuldade de estarmos fisicamente no mesmo espaço. E de partilharmos uma emoção, uma sensação, uma vibração que nos mude, que nos transforme. Que ao irmos para casa sintamos que estamos perturbados, incomodados, que temos dificuldade em dormir. E é isso que eu mais gosto de provocar nas pessoas: reações.”
Sobre o grito que os profissionais das artes e espetáculos têm feito soar pelas enormes dificuldades que tantos enfrentam, Diogo Infante chega a considerar: “Não é o melhor momento para reclamar todas as necessidades que o setor cultural padece. Mas é a altura para dar voz à sua fragilidade gritante. O ministério da Cultura tem feito um esforço para colmatar lacunas estruturais e profundas no meio artístico. Mas são manifestamente insuficientes.”
Nesta conversa em podcast, o ator e encenador recorda o que o levou aos palcos, alguns momentos importantes do seu percurso e aquele que considera um momento "transformador" na sua vida, a adopção do seu filho Filipe, de 17 anos. “Saiu-me a sorte grande. A paternidade tem sido um processo de aprendizagem e de autoconhecimento.”
E ainda revela um pouco do texto do seu Ricardo III e as músicas que o acompanham. Mas há muito mais para escutar neste episódio do podcast "A Beleza das Pequenas Coisas". Mais uma vez, a edição áudio é do José Cedovim Pinto. A fotografia é do Nuno Botelho e o genérico é uma criação original do músico Luís Severo.
Mantemos o desafio a todos/as os/as ouvintes para que enviem as suas opiniões, sugestões, histórias e comentários para o seguinte email: abelezadaspequenascoisas@impresa.pt.
Boas escutas e boas conversas.
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